domingo, 23 de março de 2003

Sempre fui PT. Jamais me filiei a partido algum mas sempre fui um grande admirador dos ideais do Partido dos Trabalhadores. Meu primeiro voto, com 16 anos de idade, foi em Tarso Genro para governador do estado do RS, em 1990, e já em 1989 torci como um louco para Lula na primeira eleição direta para presidente após o término do regime militar. De lá pra cá, sempre PT. Salvo alguns votos em outros partidos com ideologias semelhantes (PSB e PC do B), dos quais não me arrependo.

Na minha opinião o PT sempre abrigou em seus quadros os melhores nomes da política nacional e, somado a isso, possuía uma ideologia de esquerda coerente e ética. Ao usar os verbos no pretérito estou querendo demonstrar que, ao meu ver, o PT de Lula já não é mais o mesmo. Concordo que ainda é cedo para afirmar que Lula está errado mas já é hora de reconhecer que ele está mudado. Resta saber se para melhor ou pior. Isso, só o tempo vai dizer. Tem muita coisa esquisita acontecendo que carece de esclarecimento:

- Henrique Meireles, presidente do Banco Central, ex-presidente mundial do Bank Boston, do qual recebe uma aposentadoria de U$ 2.500.000,00 anualmente.

- Antônio Palocci, o super ministro da fazenda, manda mais do que o próprio presidente. Qualificou de radicais os seus companheiros de partido por terem criticado algumas atitudes de Lula. O termo "radical" sempre foi utilizado por adversários políticos para agredir os petistas.

- A reforma da previdência, nos moldes propostos, privilegiando as Forças Armadas e o Poder Judiciário.

- A reforma trabalhista que acaba com direitos conquistados pelos trabalhadores sob pretexto de flexibilizar a relação entre empregado e empregador.

- A alta da taxa de juros, que era ferozmente criticada pelo PT durante a era FHC, e tida como a maior causadora do atraso econômico e social do país.

Nada disso tem a cara do Lula que conhecemos e muito menos do PT.

Achei ridículo quando as atrizes Regina Duarte e Beatriz Segal foram à televisão dizer que tinham medo do PT e de Lula, mas hoje confesso que estou sentindo um pouquinho de medo também. Não o medo de Lula ser o que esperávamos que ele seria; não o medo da mudança, do qual sofriam as atrizes de José Serra; mas o medo de ter sido enganado, de ter sido feito de palhaço, de ter votado na mudança e descobrir que tudo não passava de um belo trabalho de marketing, o medo da decepção.

Mas, apesar do medo, a esperança ainda é maior e eu acredito que o "meu" PT não vai deixar nossa estrela se apagar.

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