quinta-feira, 26 de junho de 2003

Cara, se tem alguma coisa mais bela do que poesia, nenhum poeta escreveu ainda!

Particularmente, sou admirador incondicional do Soneto. É um verdadeiro deleite para quem lê e um grande desafio para quem escreve. Distribuir emoção e sentimento num espaço compreendido por quatorze versos, sendo dois quartetos e dois tercetos, é, além de uma arte, um trabalho hercúleo de rima e métrica. Não é em vão que Vinícius, o poetinha (poetaço, na verdade), é um dos meus preferidos. São dele os Sonetos mais belos que conheço, entre os quais os clássicos Soneto da Separação, da Fidelidade e do Amor Total; este último, talvez, o menos conhecido - mas não menos belo -, portanto, ei-lo:

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te enfim com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

A de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

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