terça-feira, 29 de dezembro de 2009

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ETÍLICAS EM DIA INÚTIL

Adoro cães, especialmente os de raça (indefinida). No domingo que passou, estávamos, o Vanuti (amigo de longa data) e eu, em sua mais nova morada, degustando socialmente algumas (muitas) Schin's geladíssimas, muito bem acompanhados por seus dois imponentes Rottweilers, quando me sobreveio uma bela constatação alusiva ao universo canino, digna - creio eu - de registro cá no [b]:

"Puta crueldade o que fazem por aí com alguns cães! Em nome de uma estética totalmente questionável, cortam-lhes, quando ainda filhotes, a cauda [não utilizei o termo 'cauda', claro... utilizava o sonoro 'rabo' no colóquio em questão, mas, na presente transcrição, optei por algo mais delicado e que evitasse qualquer ambigüidade de sentido, ok?]. Mal sabem, tais facínoras, que nesta irracional busca pelo belo, extirpam o que de mais belo pode o cão expressar: seu sorriso. Amputam-lhe o sorriso! Cães sorriem com a cauda!"

Putz! Imaginem se estivéssemos bebendo Kaiser Gold!

sábado, 5 de dezembro de 2009

REFLEXÕES PÓS-VERBORRÁGICAS

Tem vezes em que eu escrevo coisas que, para mim, não fazem o menor sentido, mas que, talvez, para alguém, possa fazer todo. As palavras só passam a fazer sentido quando há alguém para, à sua mais íntima maneira, senti-las.

Não quero, com isso, dizer que o post anterior seja necessariamente o caso. Mas pode, também, perfeitamente sê-lo.

CARNE PODRE QUEIMADA

Hoje eu quero, subitamente, sair de casa - tão subitamente de me espantar comigo mesmo, de me estranhar, mas dar de ombros ao espanto e ao estranhamento e seguir. E o farei pela porta da frente, como nunca o fizera até então. Sempre escapuli pela submissa e taciturna porta dos fundos, o imponente umbral da vassalagem. Hei de sair batendo violentamente a porta da frente - nestes momentos, todo alarde é surdo -, e sem a prosaica preocupação de passar-lhe a chave.

Seguirei em marcha firme, de pés descalços, investindo obstinadamente pelas ruas, ruelas e avenidas da cidade. Darei preferência às não asfaltadas e sem passeios públicos, de pedras pontiagudas, irregulares e contundentes. Quero sentir a cidade em minha carne, dilacerando as solas dos meus pés, fazendo-os sangrar. Quero deixar pegadas de sangue para que, por medo ou por asco, ninguém as queira seguir, pois não conduzirão a nada que não à patética figura de um andarilho que agoniza na alma e anseia purificar-se na dor.

E no retorno, aí sim, deslizarei por sobre o asfalto. Asfalto quente, incandescente, próprio das candentes tardes de dezembro. E o betume abrasador há de cauterizar as feridas abertas - únicas e fiéis companheiras nesta jornada autoflagelante. Irracional, talvez, porém inequivocamente necessária.

Ao chegar, chutarei violentamente a porta da frente de casa e, na maior sem-cerimônia, prostrar-me-ei ao chão da sala. O abjeto aspecto de cão sarnoso e pestilento abriga, então, uma alma sã.

A fedentina de carne podre queimada vem tão-somente dos meus pés, não mais de mim.