Quero sangrar antes
de ti
Para prevenir-te do que
senti
E ensinar-te o estancamento
Que, na sangria,
aprendi
Quero cair antes
de ti
Para entender de tombo
e de erguer-se
E segurar-te, caso tropeces
Mas, caso
caias, saberei, já de antemão
Estender-te a mão
E resgatar-te do chão
Quero sentir medo antes
de ti
Tanto medo de não
mais temer
E saber suplantar o pavor
Que certamente
hei de sentir
Quando tu,
ao sentires medo
Buscares asilo
em meu destemor
Quero chorar antes
de ti
Para entender que,
quando choras
É a tua alma que
me grita
Reprimida, malsofrida, aflita...
E que unicamente com
a alma poderei ouvi-la
E compreendê-la
E confortá-la
Quero sofrer antes
de ti
Só para provar
da dor
Que não
te quero fazer sentir
Só não
quero, ao cabo de tudo,
morrer antes de ti
Para que jamais
aconteça
De sofreres revés
e eu não estar
aqui.
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