domingo, 28 de setembro de 2003

A baixaria em doses homeopáticas é bem aceita pela pseudomoralidade brasileira. Foi preciso uma dose cavalar de repugnante sordidez para despertar-nos do profundo sono da passividade e da omissão eterna. E a gota d'água foi, na verdade, uma enxurrada, uma tempestade de granizo com ventos de cem por hora. A farsa do "seu Gugu" foi revelada, mas ele afirma peremptoriamente desconhecer a armação e - cínico e cara-de-pau - se diz perplexo e admirado diante do acontecido. A baixaria institucionalizada sempre foi - e ainda assim o é - a marca registrada dos programas desse medíocre apresentador. Bundas, sensacionalismo barato, sexo sugerido e insinuado (quando não explícito!), violência, fofocas, mesquinharia e futilidades, sempre foram sua tônica preferencial na busca de pontos de audiência e, conseqüentemente, da vitória na acirrada contenda dominical com o Faustão, da globO (outra bela porcaria televisiva).



Nego-me a narrar aqui o ignóbil fato gerador do rebuliço todo, você certamente já tomou conhecimento da grande palhaçada e de seus desdobramentos até então. Apenas me pergunto, e lhes pergunto também: até onde e até quando?



Até onde serão capazes de chegar estes déspotas da comunicação para alcançarem seus ordinários objetivos que se resumem em audiência e lucro? Será que esta latrina tem descarga? E quem dignar-se-á a puxá-la?



Até quando o estado permitirá que concessões públicas continuem prestando tamanho desserviço à sociedade, deseducando, alienando, vulgarizando valores que, a despeito da imensa dificuldade - pois disputamos com a mídia eletrônica o papel de educadores -, ainda tencionamos deixar de herança a nossos filhos, assim como os herdamos de nossos pais?



Eis aqui um caso que veio à tona. Quantas outras maquinações midiáticas adentraram em nossos lares indiscriminadamente e foram muito bem assimiladas por nossa ingênua alienação e incapacidade de questionamento? Deseducam-nos sem que nos demos conta; ou melhor, adestram-nos para o que melhor lhes convém. Somos violentados diariamente, sem que nos apercebamos, por novelas, telejornais, programas de auditório. Tornamo-nos deles dependentes e por eles somos corrompidos.



Toda concessão é passível de cassação. No caso específico, declaro aberta a temporada de cassa (os animais em questão, lamentavelmente, não estão em extinção).



P. S.: assistam à TVE, única resistência à baixaria institucionalizada. Uma emissora pública cumprindo brilhantemente o seu papel.

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