domingo, 4 de janeiro de 2004

Lupicínio não se considerava um cantor ou compositor, tampouco poeta - a despeito de todos sabermos que ele era tudo isso, e com requintes de genialidade -, mas um boêmio da mais elevada estirpe. Um boêmio profissional. Daqueles que escrevem letras de canções em guardanapos de papel, tendo por inspiração algum amor desfeito, o coração apertado no peito e um copo de bebida sobre a mesa de bar. Dizem que Lupicínio Rodrigues é o legítimo inventor da dor-de-cotovelo. Há controvérsias quanto à paternidade que lhe é imputada, mas, inegavelmente, foi o compositor gaúcho quem melhor traduziu tal sentimento - este misto de ciúme e despeito - em seus versos e melodias fantásticos. Uma das minhas canções preferidas do grande boêmio é Ela Disse-me Assim, que descreve uma situação que me é familiar, vivida em outros tempos, mas, obviamente, sem o desfecho trágico do episódio nela narrado (ele não nos encontrou, mas quase!). Aí vai a letra. Grande "Lupinho"!



ELA DISSE-ME ASSIM


Ela disse-me assim

Tenha pena de mim

Vá embora



Vais me prejudicar

Ele pode chegar

Está na hora



E eu não tinha motivo nenhum para me recusar

Mas aos beijos caí em seus braços e pedi pra ficar



Sabe o que se passou

Ele nos encontrou

E agora



Ela sofre somente porque

Foi fazer o que eu quis



E o remorso está me torturando

Por ter feito a loucura que fiz



Por um simples prazer

Fui fazer meu a amor infeliz.

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