sexta-feira, 5 de março de 2004

Chegaram-me ontem, via ECT, os dois livros que eu encomendara pela internet: Por que Ler os Clássicos, de Italo Calvino e O Desaparecido, de Franz Kafka, a única obra deste fantástico e intrigante autor que ainda se fazia ausente na minha estimada coleção.



Primeira reação ao tê-los em mãos: folheá-los lentamente e cheirá-los. Cheirar suas capas, seus interiores repletos de palavras e tinta, comparar seus odores. Sentir a textura de seus papéis, seus pesos e volumes. Fazer uso exaustivo dos sentidos todos, através dos quais sentimos a vida. Ler, com ansiosidade contida e inquietação controlada, suas capas, contra-capas, orelhas e prefácios, numa clara intenção de se fazer rodeios preliminares com o intuito de estimular ainda mais a avidez inflamada pela leitura que sucederá.



O livro é vida, ou melhor, o "bom" livro é vida. É vida que não vivemos, mas sentimos. É um inimaginável emaranhado de sentimentos diversos que carregamos na mão, lemos no ônibus ou sobre a cama e guardamos na estante, com zelo de jardineiro.



Estão lá, os dois, por sobre a escrivaninha, no privilegiado canto dos livros a serem lidos, ambos voluptuosamente oferecendo-se-me e instigando-me a mais uma deliciosa odisséia que é, para mim, ler um bom livro. Um deles já se encontra transpassado por um oportuno marca-páginas.



Livro é perene, jamais perecerá.

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