terça-feira, 16 de março de 2004

FELICIDADE = SIMPLICIDADE

Uma mesinha de ferro, cerveja estupidamente gelada ao centro e amigos de verdade ao redor. Pra mim, é o paraíso! Tecemos um sem-número de teorias e planos mirabolantes para mudar o mundo, falamos da vida alheia - sem que o "alheio" esteja próximo, obviamente -, alteramo-nos na defesa de um ponto de vista, damos o braço a torcer ao perdermos a razão (raramente algum interlocutor, em meio ao debate acalorado, atinge este quase divino grau de humildade, mas acontece, às vezes), discutimos futebol, sonhamos com mulheres impossíveis (...para depois contentarmo-nos com as possíveis), debatemos política com impressionante embasamento teórico (mas na prática a teoria é outra, né, Tamagochi?!), despejamos por sobre a mesa uma inacreditável variedade de piadas, e assim vai...

- Garçom, mais duas, e traga um "estiropor" pra nós, por favor!

Diretamente proporcional à quantidade de cerveja consumida - numa progressão geométrica, digamos assim -, a sinceridade e as palavras soltas ditam as regras do espetáculo. Xingamo-nos uns aos outros: "seu viado", "que bixisse", "vai te cagar", "qual é mesmo o nome daquela fábrica de piscinas?", "lá em Caxias, na rua Sinimbi" (palavras terminadas com a vogal "u" são terminantemente proibidas por causa da rima perigosa)..., aquele tipo de tratamento que só entre verdadeiros amigos se admite, e que, sem o qual, aquele adorável e prazeroso encontro perderia toda a poesia que em si carrega.

E o tempo passa numa velocidade assustadora, sem que nos demos conta de que ali, naquelas horas aparentemente vãs e improdutivas, tornamo-nos mais humanos e fomos verdadeiramente felizes.

A felicidade não se encontra no complexo, mas no simples. Complicado é entender isso.

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