sábado, 30 de outubro de 2004
segunda-feira, 25 de outubro de 2004
O "NOSSO" POETA
"O exercício da arte poética é sempre um esforço de auto-superação e, assim, o refinamento do estilo acaba trazendo a melhoria da alma."
Mário Quintana
O nosso querido e afável poeta Mário Quintana - infelizmente não mais conosco - deveria ser muito mais lido e discutido, sua obra deveria ser largamente difundida para, então, ser apreciada com todos os méritos a que faz jus. Além da ludicidade, da simplicidade genial, ela é farta de bom-humor. Tanto sua obra quanto suas tiradas espirituosas, das quais alguns jornalistas inconvenientes já foram vítimas. Entre elas, a resposta dada a um jornalista quando este o perguntara sobre o motivo pelo qual o poeta nunca havia se casado. A resposta veio de pronto:
"Está comprovado estatisticamente que existem muito mais viúvas do que viúvos."
Genial!! Apenas não posso garantir que o jornalista tenha entendido.
Quintana, tu te foste, pois, assim como todos aqui neste mundinho, não eras imortal - embora o tenha merecido ser -, mas tua obra não fenece. Ela é eterna no seu valor e na sua poesia.
"Recordo ainda... E nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada fora após segui... Mas, ai,
Embora idade e senso eu aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino, acreditai...
Que envelheceu, um dia, de repente..."
Mário Quintana
segunda-feira, 18 de outubro de 2004
Cabeção News: sui generis!
Ópio: por vezes realista, por outras, surreal!
Pensar Enlouquece: altamente crítico e inteligente!
Três provas irrefutáveis de que ainda existem seres pensantes no mundo.
domingo, 17 de outubro de 2004
Amavam-se infinitamente, tanto que se fazia imensurável a real medida daquele amor - desmedido amor.
Havia, por vezes, pequenas rusgas, algumas desavenças, desentendimentos inúteis por motivos fúteis que paulatinamente foram minando a relação e dando-lhe ares de sentimento esmorecido, triste equívoco de que ambos foram vítimas.
Por fim, ela deixou-o por suspeitar que ele não a amasse o suficiente, ainda que ela o amasse febrilmente.
Igualmente, ele deixou-a por supor que ela não o amasse a contento, a despeito de ele a amar doentiamente.
Curaram-se? Não! Mergulharam profundamente na mais grave das enfermidades. E afastaram-se um do outro, violentando cruelmente a ordem natural das coisas, a ordem deste sublime sentimento. Um rompimento injusto para com o próprio amor que ali sobejava com viço e vigor, e com delicadeza de rebento recém-nascido. Um quase-aborto operado a quatro mãos.
Um verdadeiro amor destroçado, orgulhos saciados e fartos, almas tristes e incompletas.
sábado, 16 de outubro de 2004
"A leitura de um clássico deve oferecer-nos alguma surpresa em relação à imagem que dele tínhamos. Por isso, nunca será demais recomendar a leitura direta dos textos originais, evitando o mais possível bibliografia crítica, comentários, interpretações. A escola e a universidade deveriam servir para fazer entender que nenhum livro que fala de outro livro diz mais sobre o livro em questão; mas fazem de tudo para que se acredite no contrário. Existe uma inversão de valores muito difundida segundo a qual a introdução, o instrumental crítico, a bibliografia são usados como cortina de fumaça para esconder aquilo que o texto tem a dizer e que só pode dizer se o deixarmos falar sem intermediários que pretendam saber mais do que ele."
Italo Calvino