segunda-feira, 25 de outubro de 2004

O "NOSSO" POETA



"O exercício da arte poética é sempre um esforço de auto-superação e, assim, o refinamento do estilo acaba trazendo a melhoria da alma."



Mário Quintana



O nosso querido e afável poeta Mário Quintana - infelizmente não mais conosco - deveria ser muito mais lido e discutido, sua obra deveria ser largamente difundida para, então, ser apreciada com todos os méritos a que faz jus. Além da ludicidade, da simplicidade genial, ela é farta de bom-humor. Tanto sua obra quanto suas tiradas espirituosas, das quais alguns jornalistas inconvenientes já foram vítimas. Entre elas, a resposta dada a um jornalista quando este o perguntara sobre o motivo pelo qual o poeta nunca havia se casado. A resposta veio de pronto:



"Está comprovado estatisticamente que existem muito mais viúvas do que viúvos."



Genial!! Apenas não posso garantir que o jornalista tenha entendido.



Quintana, tu te foste, pois, assim como todos aqui neste mundinho, não eras imortal - embora o tenha merecido ser -, mas tua obra não fenece. Ela é eterna no seu valor e na sua poesia.



"Recordo ainda... E nada mais me importa...

Aqueles dias de uma luz tão mansa

Que me deixavam, sempre, de lembrança,

Algum brinquedo novo à minha porta...



Mas veio um vento de desesperança

Soprando cinzas pela noite morta!

E eu pendurei na galharia torta

Todos os meus brinquedos de criança...



Estrada fora após segui... Mas, ai,

Embora idade e senso eu aparente,

Não vos iluda o velho que aqui vai:



Eu quero os meus brinquedos novamente!

Sou um pobre menino, acreditai...

Que envelheceu, um dia, de repente..."



Mário Quintana

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