sábado, 15 de julho de 2006

VERBO MUDO

Meu verbo é o silêncio
Surdo, mudo, paradoxalmente gritante
(ecoa, ensurdecedor, dentro de mim, incomunicável em sua malograda sina de se fazer ouvir)
Meus sentimentos, não os explico, tampouco os exponho
Sinto-os e os faço sentir - ao menos anseio desesperadamente por assim fazer
Até mesmo na letra silencio
Pois me permito dar vida às letras tão-somente no papel
De modo algum na voz, raramente no olhar
Servir-me-iam, teus olhos, de brancas laudas de escrever o que sinto, se os meus te quisessem - ou pudessem - falar
Mas calam. Omitem
E a explosão acontece no íntimo, internamente - estampido sufocado
Incompreendido em tão singular proceder
Mal-interpretado na impotência quase absoluta de expressão
Não me manifesto
Peco
Padeço
Mas não pereço
Pois jamais esqueço
Que, um dia, traduzir-me-ão, talvez...

Um comentário:

Douglas disse...

Puuuxa! Muito bom, cara. Estás de dono soberano de todas as letras, hein? Por mais que me esforce, acho que já não te alcanço mais... mas, lendo-te assiduamente, por certo hei de - pelo menos - melhorar. Abração, mestre!