sábado, 13 de dezembro de 2008

CRISE

Bem distante da poesia, eclode a crise econômica mundial, cujo cerne localiza-se ao norte das américas. Lembro-me de um dístico reiteradamente proferido por este que cá rabisca estas linhas: o capitalismo é autofágico.

Do Houaiss:

autofagia
substantivo feminino
1 ato de o homem ou animal nutrir-se da própria carne
2 Rubrica: biologia.
processo de autodestruição da célula

Há muito que eu acredito nesta afirmação - inadmissível para os entusiastas do truculento sistema -, muito embora eu não entenda patavina, tampouco bulhufas, de economia. Admito, a pérola supra é fruto de um raciocínio eminentemente empírico (próprio dos poetas), absolutamente dissociado de teorias econômicas e totalmente desassistido de conhecimento de causa.

A apoucada linha cognitiva que me levou a tal conclusão foi a seguinte:

O capitalismo alimenta-se, todos sabemos, de consumo. É seu combustível de alta octanagem. O consumo desenfreado, por sua vez, promove a concentração de renda, em benefício tão-somente do capitalista. Já a concentração de renda, de ofício, elimina a figura do consumidor, uma vez que lhe arranca a capacidade de comprar - conseqüentemente, impossibilitando-o de satisfazer as suas mais elementares necessidades -, arremessando-o verticalmente no abismo da marginalidade. Em não havendo consumo, o capitalismo definha, e o colapso é iminente.

Ou seja, o grande algoz do capitalismo é sua própria essência autodestrutiva. O temível oponente é interno e sua implacável investida se dá no âmago do famigerado sistema. A lástima maior é que, até o colapso, muitos seres humanos foram sacrificados em nome do capital. E somente após o colapso, Marx é reconduzido ao seu devido posto.

Distintos e desocupados economistas de plantão: calcem seus kichutes (cadarços atados em torno da canela, por favor!) e tripudiem, espezinhem, pisoteiem a vontade sobre minha teoria capenga, minha tese mambembe, mas, imploro-lhes - para o bem da poesia -, jamais se aventurem a escrever sequer um verso. Não se deixem inocular pela viciosa pretensão que me induziu a dar levianos e intrometidos pitacos na seara alheia. Ademais, causar-lhes-ia indigestão, por certo, tanto quanto me nauseou esta bisbilhotice minha.

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