sexta-feira, 28 de agosto de 2009

POSTAGEM ÓBVIA


Por que será que algumas pessoas insistem em conferir ao óbvio a indelével qualidade de absoluto? Acreditem, o óbvio é, também, relativo! E em sendo relativo, é plenamente discutível e contestável.


O óbvio só é óbvio no seu próprio contexto, aquele único contexto que lhe acolherá como óbvio e, simultaneamente, ratifica-lo-á como tal. Fora dele, não passa de partícula anômala, verbete em idioma estranho carente de tradução para o vernáculo, um ser órfão de sentido. Decifrado e contextualizado, permite-se ao óbvio, então, ostentar toda a sua incontestabilidade patente.

Hoje, é-nos óbvio que o mar é salgado, mas não o sabíamos assim até pormos-lhe a língua.

Homenageio o intrigante verbete com um acanhado aforismo que, num dos meus reincidentes momentos de introspecção, foi-me sussurrado ao ouvido:

"O óbvio só é óbvio se contextualizado."

Isso tudo não é óbvio demais?

P. S.: rabiscar tais obviedades deu-me sede. Vou tomar uma cerveja, é óbvio! Porque água, pra mim, é remédio.

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