sexta-feira, 17 de junho de 2011

SÓ ME RESTARAM MEUS SONHOS

Meus sonhos vão além de mim
Muito além do meu alcance
Logo, não convém alimentá-los
Mais que o tirano a seus vassalos
Eis que são inalcançáveis
Eis que são inacessíveis
São, sim, irrealizáveis!
Mas, de fato, são incríveis
Belos, memoráveis
Cultivo-os um a um, qual flores
Rego-os todo dia
Parcimoniosamente
Para que não cresçam em demasia
Água na mais justa quantia
Para que não morram, somente
Mas, também, não sintam dores
Converso com um e outro
Dia sim, noutro também
Para que se saibam sonhos meus
E jamais de outro alguém
Para que se entendam sonhos
Nada além
E que não nutram rancores
Por quem
Quer-lhes somente a si, como a um bem

Eloqüência e pouca água
É a dieta que os imponho
Sonho meu não vinga
Sonho meu não brinca
De transcender, de ser real
Não reclama, não chia
Não me afronta
E não deixa de ser sonho
Por destino ou teimosia
Não desperta, não desponta
Não me deixa em desamparo
Enfrentando a realidade
A sós
Sem sonhos
Sem vida
Na saudade...

Sonhos meus são sempre sonhos e sempre meus.

Um comentário:

Sergio Amorim disse...

Egoísticamnete bom. Muito bom...