Neste instante, encerro e recomendo a instigante leitura de
"Franz Kafka - Sonhador Insubmisso", do pensador marxista brasileiro,
radicado na França, Michael Löwy.
Aos amantes da pena kafkiana, um surpreendente deleite. A
face insubmissa, libertária, e até mesmo subversiva de Franz Kafka é exaltada
e celebrada pelo autor, que versa com muito critério e surpreendente riqueza
documental sobre uma constância na obra e na vida do escritor tcheco: seu
caráter humanista e libertário. A essa constância, Michael Löwy deu o nome de
"fio vermelho", que amarra, de ponta a ponta, o universo kafkiano e costura
a trilha que nos leva irremediavelmente a um encontro com um Kafka inquieto e inconformado, e que, ao escrever tão-somente o que sentia, fez de sua magnífica obra um autêntico libelo contra todas as formas de
opressão (entre elas, a opressão paterna, a religiosa e a burocrática,
recorrentes em sua vida e em sua literatura).
Franz Kafka é considerado um dos grandes autores do século
XX - quiçá de todos os séculos - e é digno de leituras e releituras à
exaustão. Sua obra descreve com uma lucidez desconcertante os absurdos do nosso
tempo. É instigante e angustiante, de um realismo visionário e, acima de tudo,
insólita.
O livro de Michael Löwy é de suma valia aos que já travaram
contato com a obra de Franz Kafka; é vivamente elucidativo. Contudo, àqueles
que ainda não leram o autor tcheco, a obra pode-se tornar demasiadamente árida
e um tanto ininteligível. As leituras prévias, na minha ótica, para entender a
contento "Franz Kafka - Sonhador Insubmisso", seriam os contos
"O Veredicto" e "Na Colônia Penal" e os romances "O
Processo" e "O Castelo". Num segundo plano, embora não menos
geniais, eu indicaria "A Metamorfose" e "América".
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