O mar entra pela janela escancarada
Açoitando-me a cara
Invadindo minhas narinas
Curtindo meu couro
Pondo minh’alma na salmoura
Agora, coisa estranha!
Tudo me revigora
E a paz reverbera em minhas entranhas
Impera um silêncio enorme
Ao lado, a mulher mais rara
Dorme profundamente
Na mão, a cerveja – não das mais caras!
Mas gelada, estupidamente...
Embriago-me de álcool e maresia
Iemanjá me vigia pela janela
Sinto-me, assim, meio filho dela
Já é noite avançada
Macilenta madrugada
E eu cogito abrir outra lata
Reconsidero. Melhor dormir!
Como toda quinta-feira
Amanhã é dia de feira
Em Tramandaí
Se eu dormir demais, ela me mata
Mas faço questão. Bebo
Sou, mesmo, incorrigível
Vou dormir... e já está na hora
Acordar cedo? Impossível!
E a feira fica pra outro dia
E ela, a mulher mais rara
Desperta-me, de repente
Com um beijo de mate quente
E uma sede de amar demente!
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