Nostalgia. Do grego nostós,
que significa regresso a casa, e álgos,
que significa dor. O sofrimento por algo que se não mais possui.
Ando deveras nostálgico, ultimamente, levado por um redemoinho
de boas lembranças que me arrancou da terra firme do hoje, do agora, e
lançou-me com violência, em espiral, aos ventos incertos de um tempo que não
mais há. E é neste tempo inexistente – exceto nas minhas reminiscências – que ando
tentando cravar meus pés e me estabelecer novamente. Mas, sei bem, tal anseio é
vão. Memórias são memórias, boas ou más. Lembranças não passam de lembranças, alegres
ou tristonhas. O passado, doce ou amargo, foi-se para não voltar mais. Mas o
meu estado de melancolia profunda me faz, muito a contragosto, visitar quase
que diariamente a alcova desta senhora sedutora e lasciva cuja força me domina:
a nostalgia.
Devolvam-me o outrora! Quero, agora, tudo outra vez, já não
é sem hora! Quero-me aquele, hoje! Quero o eu do passado, no presente!
Ah, em verdade, pensando melhor, quero, não! Quero-me tal
qual me encontro agora. Melhor, mais completo, mais pronto. Não quero voltar a
ser o que eu, há muito, escolhi deixar de ser. E a nostalgia, feito alquimista
de talento, eu vou converter em prazer
– e não dor – do regresso, pelo salutar
cultivo das boas lembranças, compreendendo-as como parte inequívoca do passado, e não mais como partícula faltante do presente.
Xô, nostalgia! Vieste, viste, mas não venceste! E estas
tímidas linhas soam como alvíssaras!
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