terça-feira, 30 de maio de 2017

CURANDO-ME...



Nostalgia. Do grego nostós, que significa regresso a casa, e álgos, que significa dor. O sofrimento por algo que se não mais possui.

Ando deveras nostálgico, ultimamente, levado por um redemoinho de boas lembranças que me arrancou da terra firme do hoje, do agora, e lançou-me com violência, em espiral, aos ventos incertos de um tempo que não mais há. E é neste tempo inexistente – exceto nas minhas reminiscências – que ando tentando cravar meus pés e me estabelecer novamente. Mas, sei bem, tal anseio é vão. Memórias são memórias, boas ou más. Lembranças não passam de lembranças, alegres ou tristonhas. O passado, doce ou amargo, foi-se para não voltar mais. Mas o meu estado de melancolia profunda me faz, muito a contragosto, visitar quase que diariamente a alcova desta senhora sedutora e lasciva cuja força me domina: a nostalgia.

Devolvam-me o outrora! Quero, agora, tudo outra vez, já não é sem hora! Quero-me aquele, hoje! Quero o eu do passado, no presente!

Ah, em verdade, pensando melhor, quero, não! Quero-me tal qual me encontro agora. Melhor, mais completo, mais pronto. Não quero voltar a ser o que eu, há muito, escolhi deixar de ser. E a nostalgia, feito alquimista de talento, eu vou converter em prazer – e não dor – do regresso, pelo salutar cultivo das boas lembranças, compreendendo-as como parte inequívoca do passado, e não mais como partícula faltante do presente.

Xô, nostalgia! Vieste, viste, mas não venceste! E estas tímidas linhas soam como alvíssaras!

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