domingo, 12 de março de 2023

SALVO ENGANO

Salvo engano, sou humano
Sangro, sofro, xingo e choro
Em desespero, às vezes, oro
Na esperança de que alguém
Que, talvez, nem vá à igreja
Salve-me antes do “assim seja”

Salvo engano, sou humano
Portando amo, rio, vibro
Por vezes minto, ofendo, agrido
Noutras, apanho e nem revido
Vou lamber minha ferida

Salvo engano, sou humano
Tão humano que, na vida
Busco a porta de saída
Num ato suicida necessário
E renasço
Noutro aniversário

Salvo engano, sou humano
E quanta humanidade há
Em saber-se e enganar-se!
E estar enganado quanto a isso
É, também, humanizar-se
Por mais humano que se já seja

E no ensejo do que se enseja
A imprecisão é meu compromisso
E a dúvida, minha catarse.

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