domingo, 4 de maio de 2003

Pois é. Se arrependimento matasse, o planeta seria hoje habitado apenas por bichos e plantas. Todos nós já nos arrependemos de muitas coisas. Nos arrependemos por ação e também por omissão; do que fazemos e do que deixamos de fazer. Dizem que se arrepender de não ter feito algo é a pior modalidade de arrependimento. E eu concordo com essa afirmação. É desesperador você saber que havia a possibilidade de dar certo – embora esta fosse mínima, talvez – e que a sua opção foi pelo único caminho que levava à certeza de que não daria certo, tampouco errado: a omissão. Quando nos arrependemos de ter feito algo errado, resta-nos o consolo de que tentamos algo que poderia dar certo e que, em caso de êxito, seria perfeito. Na tentativa de acertar, corremos o risco de errar, que é inerente à ação, nunca à omissão. Talvez a omissão já seja o próprio erro por completo, livre do risco do acerto. E, sendo assim, é inconcebível o acerto na omissão, salvo aquele tipo de omissão que, dada a sua peculiaridade, acaba por caracterizar uma ação, a de omitir-se. Nesse caso ela pode ser a melhor opção e, conseqüentemente, um acerto.



Estava pensando nos arrependimentos que enfrentei na vida, muitos por ação, alguns por omissão, e concluo que a omissão pode nos trazer, num primeiro momento, um tipo de conforto sem lastro que, logo ali, se esvai. E a contrapartida a isso é o arrependimento de não ter feito nada para evitar tal desfecho. A omissão é um bumerangue, você se livra temporariamente dele e logo ele reaparece, e às vezes com maior velocidade do que antes. Por isso, arrependam-se de ações malfeitas, desastradas e mal-acabadas; é sinal de que estão vivos!



P. S.: Será que eu não vou me arrepender de ter dito isso aí? Azar do goleiro! Disse, está dito! Se preciso for, desdigo tudo que disse.

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