sábado, 30 de agosto de 2003

CHÃO DE ESTRELAS

(Orestes Barbosa)
Minha vida era um palco iluminado,
Eu vivia vestido de dourado,
Palhaço das perdidas ilusões.

Cheio dos guizos falsos da alegria,
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações.

Meu barracão no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro,
Foste a sonoridade que acabou.

E hoje, quando do sol a claridade
Forra meu barracão, sinto saudades
Da mulher, pomba rola que voou.

Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas,
Pareciam um estranho festival.

Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional.

A porta do barraco era sem trinco,
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão.

Tu pisavas nos astros distraída,
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão.

Isso sim é poesia pura. Grande Orestes Barbosa!!! Gênio!!!

Nenhum comentário: