(Orestes Barbosa)
Minha vida era um palco iluminado,
Eu vivia vestido de dourado,
Palhaço das perdidas ilusões.
Cheio dos guizos falsos da alegria,
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações.
Meu barracão no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro,
Foste a sonoridade que acabou.
E hoje, quando do sol a claridade
Forra meu barracão, sinto saudades
Da mulher, pomba rola que voou.
Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas,
Pareciam um estranho festival.
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional.
A porta do barraco era sem trinco,
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão.
Tu pisavas nos astros distraída,
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão.
Isso sim é poesia pura. Grande Orestes Barbosa!!! Gênio!!!
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