quinta-feira, 11 de setembro de 2003

11 de setembro de 2001: apenas um magnífico ataque terrorista (o maior da história) ou o sinal claro de novos tempos?

Choramos e lamentamos a morte de cada pessoa envolvida naquele terrível ataque terrorista, mas eu, particularmente, não lamento e nem choro o ataque propriamente dito - o simbolismo do evento -, e mais ainda, o louvo como um marco histórico de mudanças profundas no cenário político-econômico mundial. Nada justificaria o sacrifício de tantas vidas, mas o sacrifício não foi em vão e talvez valha muitas outras vidas vindouras.

Desde aquele 11 de setembro fatídico, de cenas horripilantes e espetáculos dantescos, de perdas irreparáveis e dores imensuráveis, o mundo não é mais o mesmo e, principalmente, o império americano não é mais o que sempre fora ou aparentara ser até então. A potência intocável e imbatível sucumbiu à insana coragem daqueles que não conhecem o medo de morrer. Isso assusta qualquer um, quanto mais o poderoso império de Bush, sempre tão certo de sua onipotência nunca antes posta em dúvida, de cujo autoritarismo desmedido muita gente anda farta. Os EUA crêem que sua arrogância e prepotência encontram a tradução mais perfeita na palavra "onipotência", que sua opressão bárbara resume-se em poder absoluto e infinito.

Indiscutivelmente onipotentes: para matar de fome, para criar guerras ao seu bel prazer, para derrubar regimes democráticos e instaurar os mais truculentos regimes ditatoriais de que já se ouviu falar, para ditar regras econômicas a serem seguidas por todos os países sob pena de embargos e invasões injustificadas e absurdas, para criar vírus em laboratório a ser usado como arma biológica quando lhes for conveniente, para impor ao mundo uma moeda podre - sem lastro produtivo -, ícone de uma economia abstrata onde os cifrões são os déspotas que ditam as regras de mercado, para nos intoxicar com sua "descultura" alienante, para exterminar as culturas dos mais diversos povos, para exterminar os mais diversos povos, para patrocinar o genocídio mundial por meio da fome e da violência, para financiar o tráfico de drogas pelos quatro cantos da terra, inclusive sendo um dos seus maiores consumidores, dessa forma estimulando a sua produção permanente, para dominar sob o pretexto de "proteger", para criar uma tal de "bomba atômica" e testá-la na cabeça dos japoneses, para coisificar o homem, para desumanizar o ser, com a outorga de Deus (ou do diabo) cá na Terra.

Mas aí reside o grande equívoco: eles não são Deus na Terra, no máximo crêem ser. A onisciência lhes fez falta naquele dia. O império que tudo pode e tudo faz nem sempre tudo sabe, e não pôde e nem fez nada diante de tal surpresa. Dolorosa surpresa da qual muitos países já foram vítimas um dia, tendo por algozes cruéis o mesmo país que naquele dia 11 chorava copiosamente suas perdas e prometia retaliações desproporcionais e descabidas. Os papéis inverteram-se uma única vez e o império não gostou. Tal qual filho mimado de pai rico, bateu pé, chorou, esbravejou e partiu para o ataque indiscriminado a qualquer suposta ameaça à sua confortável posição de domínio absoluto. As regras não valem quando os papéis se invertem. Mas, saibam, saiu barato em comparação à impagável dívida de sangue e tristeza que o popular Tio Sam contraiu no decorrer das últimas seis décadas. Anos que passaram lentamente sob o jugo sufocante, esmagador e parasita de uma nação cuja tirania não conhece limites.

O tempo confirmará a minha suspeita de que aquele 11 de setembro foi o princípio do fim de uma era de barbárie pós-moderna estadunidense e a humanidade entenderá que o ato de terrorismo é inegavelmente inadmissível em qualquer hipótese, mas que o ocorrido, com certeza, plantou na Terra a semente de um mundo melhor. As estruturas abaladas tornaram-se frágeis e quebradiças, derrubemo-las e, dos escombros, ergamos os novos alicerces do mundo.

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