segunda-feira, 22 de dezembro de 2003

É verdade. O álcool, definitivamente, inibe nossos mecanismos mentais de censura e sem que haja a menor possibilidade de percebermos tal conseqüência, salvo quando não mais sob o efeito deste. Ao bebermos, tornamo-nos excessivamente sinceros e verdadeiros, ridiculamente sentimentais e emotivos, menos hipócritas e mais humanos - todos se tornam poetas. E não é que o álcool nos transforme, alterando-nos a personalidade, não; ele, em verdade, liberta-nos, exercendo sobre nós um domínio libertador, quase anárquico-libertário (Kropotkin que me perdoe). Seria quase como que um catalisador de emoções que há muito estão ali: prisioneiras, mas latentes e indóceis, na expectativa do sublime momento em que se romperão os grilhões da hipocrisia, da falsidade, do bom comportamento mecanizado, libertando-nos para o ridículo, o insano, o irresponsável, o lúdico. O álcool nos impõe esta liberdade desmedida e descabida pela qual tanto ansiamos, constrangidos e em silêncio. Desculpem-me os que discordam, mas, ao embriagarmo-nos, somos mais nós mesmos do que jamais supúnhamos ser. Embriaguemo-nos!

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