sábado, 23 de abril de 2005

FELICIDADE

Não raro, sucede-nos de a tão almejada e perseguida felicidade estar tão perto, mas tão perto de nós, que a nossa desmesurada ambição, com seus longos e esguios braços de abraçar o mundo – pois desta forma e para isso fomos adestrados –, não a consegue tocar, não a vê, ou, se a vê, não se permite crer que aquilo ali, tão ao nosso alcance, tão simples, tão fácil de se ter e de se tocar, possa ser merecedor de alguma consideração, possa carregar consigo algum valor. Pois para ter valor, acreditamos erroneamente, tem de ser difícil, tem de ser grandioso, tem de ser tortuosa a conquista, tem de ter gigantescas dimensões, algo digno de ser orgulhosamente ostentado e cuja exibição nos preencha de vaidade e alimente o nosso ego, tão carente de luz e atenção.

Lamentável o equívoco, do qual somos quase todos vítimas! Numa simples atitude, num fugidio pensamento, numa espontânea decisão, num rumo traçado pelo coração, num mudar de ventos ou de ares, nisso tudo – e em inúmeras outras singelezas da vida – repousa tranqüila e imperturbável a felicidade. Bem ali, a meio palmo de nossos sonhos. Sintamo-la quando iminente e acreditemo-la quando presente, agarremo-la com unhas e dentes antes que ela se canse de tanta indiferença e desista de fazer-nos felizes.

A vida é tão bela e simples, por quê – diabos!! – teimamos em torná-la feia e intrincada?

Um comentário:

Anonymous disse...

Perfeito!
Te amo.
Guria