sábado, 21 de maio de 2005

HAMLET

Por vezes, uma suposta obrigatoriedade quase despótica leva-nos a caminhos surpreendentes e, paradoxalmente, liberta-nos! Não fosse leitura obrigatória da cadeira de Teoria Literária do curso de Letras, dificilmente eu leria Shakespeare, uma vez que o grande dramaturgo inglês jamais me despertou algum tipo de curiosidade em relação à sua obra. A despeito de sabê-lo genial – não por conhecê-lo, mas por ouvir falar – nunca encontrei motivos para descobri-lo.

Pois estou lendo Hamlet e estou gostando muito! Embora a referida obra – do gênero dramático – venha sob a forma de teatro, um tanto quanto inusitada para mim, coalhada de notações cênicas e total ausência de narração, sem as habituais descrições fantásticas do gênero narrativo, ela é, dentro da sua proposta, de um valor literário inenarrável.

Na minha infinita ignorância (porque, por mais que vivamos, jamais saberemos tudo), quantas vezes já pronunciei:

“Há algo de podre no Estado da Dinamarca” e
“Há mais coisas no céu e na terra, (...), do que sonha tua filosofia.”

Sem ao menos desconfiar da origem de tais máximas. Surpreso, encontrei-as ali, em Hamlet. Senti-me mais confortável ao fitar com rostos familiares.

Shakespeare é, inegavelmente, um gênio. E eu o estou descobrindo agora.

A liberdade, por vezes, oprime, e a opressão, não raro, liberta.

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