terça-feira, 21 de junho de 2005

PALAVRAS

Digamos que as palavras sejam, em diversas situações, a máscara dos pensamentos. Óbvio, admito, que esta não é a regra, pois em muitos momentos a palavra – dita ou escrita – traduz com uma nitidez fantástica exatamente aquilo que pensamos, escancara-nos a alma sem qualquer espécie de censura ou pudor. Mas, convenhamos, esse cenário não nos é muito corriqueiro.

Amiúde, e despidos de um mínimo de escrúpulos, fazemos da palavra um poderoso instrumento de nossa covardia, usando-a em nosso favor, ao encontro de nossos vis interesses e de encontro com o mais elementar dos valores morais. E se, de súbito, vem ela, a palavra proferida, acompanhada de uma contagiante – mesmo que falsa – convicção por parte de quem a disparou, aí sim ela se torna o disfarce perfeito de nossos mais torpes pensamentos.

E se a fonte, que dela faz lastimável uso, é merecedora de algum mínimo de respeito e consideração, a palavra – esta flecha pontiaguda que pode tanto saciar-nos a fome, na caça, como exterminar-nos, na guerra – adquire uma força inimaginável e atinge seu alvo com uma precisão milimétrica, surtindo seus efeitos maléficos com lamentável plenitude.

Fazer bom uso da palavra é uma arte e um exercício de sensibilidade e discernimento, pois dela se faz o bálsamo, que consola e alivia, mas também, o veneno, que corrói e deteriora.

A palavra é uma arma poderosíssima, usemo-la com sabedoria e honestidade.

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