sábado, 3 de fevereiro de 2007

APÓS A TEMPESTADE VEM O POEMA

Há épocas em que a poesia tumultua-me a cabeça tão desencontradamente, tão vertiginosamente, que não consigo organizá-la, não consigo hierarquizar os versos, concatená-los a fim de torná-los poema! Pululam frases soltas, metaforizadas, mil sentidos figurados, sensibilidades e percepções, tudo numa revoada desenfreada a embotar-me a lucidez, impossibilitando-me de dedicar atenções a qualquer uma daquelas infindáveis manifestações de inspiração, que, quando não raras, chegam-me assim, aos turbilhões e cruelmente fugidias.

Então, engenhoso e arguto, lanço mão de um fármaco literário que desenvolvi, que, além de aliviar-me consideravelmente, põe-me a postos novamente: escrever sobre a dificuldade de escrever; escrever sobre o não escrever; inspirar-me de não-inspiração; e deste cômputo, invariavelmente, colho bons resultados.

Faço-o nestas mal-traçadas. Quanto ao resultado, julgue-o quem lê.

Nenhum comentário: