sábado, 24 de fevereiro de 2007

MOMENTO DE REVOLTA

Urge que eu passe a admirar os medíocres, apreciar os néscios, idolatrar o inexpressivo. A mim, arremedo de poeta, faz-me mal - muito mal! - tentar ser Pessoa, Vinícius, Drummond, Bandeira... ah! Que patética pretensão!!

Viro-me e reviro-me ao avesso e tampouco me aproximo de tais genialidades líricas. Admirá-los a ponto de querer sê-los é cruel e desumano. Na vã tentativa de expressar-me tal como os grandes, apequeno-me e pereço.

Permaneçam, os deuses, no Olimpo! Não tentes alcançá-los, sob pena de seres castigado por tua própria vaidade. Deixa-os em seus imaculados pedestais e não os emporcalhes com tuas pútridas ambições.

Ama os mortais, os medíocres, os medianos e, entre eles, destacar-te-ás. Toma-os por exemplo e lição. E assim, e tão-somente assim, superarás, um dia, talvez, teus mestres (pífios mestres...) e, superando-os, crer-te-ás grande - mesmo que, no teu âmago, saibas-te vil.

Escrever é malograda sina, é um oceano de sofrimento por uma gota de prazer intenso, e dominar este nobre ofício é tarefa hercúlea, doída e exaustiva. Porém, o que seria de nós, poetas, sem a presença viva e constante do sofrimento?

Um comentário:

Douglas disse...

Pus a leitura em dia e, sabe o quê? Teu blog está SENSACIONAL! Só pra variar... parabéns, mestre! Abração!