segunda-feira, 23 de abril de 2007

A MOEDA DO AMOR

Ah... o amor! Entidade metafísica, porém, de uma crueldade carnal

Truculento mercador de dores e prazeres – tanto por atacado como a varejo!

Sim, porque o amor apresenta-nos prontamente, sempre que o conclamamos, sua tabela de preços escorchantes

E tanto mais ele nos custa quanto maior e mais intensa for sua vitalidade

Muitas vezes, cobra-nos sossego, paz e tranqüilidade

Noutras, leva-nos a independência e a privacidade

Exige-nos, nas mais inusitadas situações, elevadas doses de humilhação, restituindo-nos meias-patacas de orgulho e, sem que percebamos, desfalca-nos totalmente de amor-próprio

Amiúde, reivindica-nos renúncias e total dedicação, pois, embora implacável, é de uma fragilidade comovente

E, invariavelmente, extorque-nos infinito sofrimento como moeda de si próprio, fazendo-nos desacreditá-lo e, no ápice da dor, maldizê-lo.



O sofrimento é inerente ao amor, e daquele este se alimenta com voracidade

Portanto, caríssimos, atentem: se não há sofrimento, creiam-me, não há amor

Porém, ao contrairmos dívida de tal monta, tornamo-nos infinitos credores de felicidade, cuja cotação está em alta, e, tão somente assim, completamo-nos.

Há que se pagar o preço.

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