segunda-feira, 22 de setembro de 2008

CONSCIENTIZE-SE DISSO


Na esteira das gigantescas comoções ecológicas que arrebatam as consciências politicamente corretas do planeta, eu não poderia me abster de dar o meu inconveniente pitaco sobre o tema.

Adotar uma edificante e responsável postura ecológica nos enfumaçados dias de hoje é ato digno de louvação e postura acima de qualquer suspeita, concordam? Há que se zelar pela sustentabilidade do planeta em que nossos filhos e netos irão viver. Quem, em sã consciência, arriscaria confrontar a irrefutabilidade de tal afirmação? Quem?? Eu, oras!

Esse desejo cego - e, ao meu ver, suspeitíssimo, e explico-lhes já o porquê - de elevar a causa ecológica ao status de a mais nobre das causas é, no mínimo, questionável em um cenário em que o grande algoz da humanidade é a fome. A fome só não é prioritária aos que não a conhecem, e nesta linha de pensamento reside o meu asco em relação à exacerbação ecológica a que estamos expostos diuturnamente.

Não é, no mínimo, curioso que as grandes nações adotem uma postura tão responsável em relação à preservação ambiental e, em contrapartida, abordem - quando o fazem - com absoluta indiferença e desdém a questão do genocídio mundial ocasionado pela fome? A inanição mata, hoje, mais do que qualquer guerra já o fizera em épocas passadas.

Pois a curiosidade tende a trazer-nos respostas - na pior das hipóteses, arranca-nos da inércia no intuito de buscá-las. Ocorre-me o seguinte: a fome é flagelo que diz respeito tão-somente aos pobres, já o planeta é a morada de todos - famintos ou bem-nutridos. Bingo! A falência do planeta é também a ruína dos bem-nutridos (e dos famintos). A asfixia do planeta é o sufocamento dos bem-nutridos (e dos famintos). A hostilidade do planeta é o desconforto dos bem-nutridos (e dos famintos) Já a fome, esta questiúncula mesquinha e impregnada de egoísmo, ah..., isso é problema dos famintos, que só enxergam o próprio umbigo e não vêem que nós temos um planeta pra salvar!

A consciência ecológica sobrepondo-se à consciência humana é algo, no mínimo, temerário. Ambas devem caminhar juntas, sem serem hierarquizadas, sob pena de perecer a sua única razão: o ser humano.

Dica do blogueiro (para ser interpretada sob o efeito da mais cáustica ironia que você, leitor, for capaz de destilar): ao fazer compras em um dos supermercados do grupo Wal-Mart, adquira a sacolinha pseudo-ecológica, oferecida pela maior rede varejista do mundo, pela bagatela de "dois pila". Você continuará ajudando a pagar a famigerada sacolinha plástica - que eu continuarei indiscriminadamente usando -, mesmo sem usá-la, dado que seu custo é silenciosamente embutido no preço de todos os produtos ali comercializados. Cultive a sua consciência ecológica e continue contribuindo para o sucesso do grupo Wal-Mart.

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