sábado, 8 de outubro de 2011

PRATO FRIO

Serviram-mo frio
Sem acompanhamentos
Salvo a tristeza e a culpa
Meus fiéis circunstantes

Queria-o quente, agora
Muito embora
Outrora
Quando me servido quente
Não o tenha sabido apreciar a pleno

Queria-o quente
E corresponder à quentura
Com toda a candura
De que nunca dispus

Nunca o tinha pensado frio
Sempre serviram-mo quente
E quente fazia-me bem
Quente, era-me o alento
A referência subjacente
O mais nobre sustento
De quem, em pleno vôo
Alçado faz muito
Sabia-se, ainda, mero rebento

Serviram-mo frio
Caiu-me indigesto
Passei muito mal
Confesso, chorei

Não há mais o ninho
No qual fiz-me homem
No entanto, resta o legado
De amor e carinho
E de ser quem eu sou

Serviram-mo frio
Nem vinhos, nem pães
Apenas, tão-só
O corpo da mãe.

Nenhum comentário: