Dissera eu, uma vez, que escrever dói. E como dói! Ao passo
que não escrever dói mais ainda. A dor de escrever é o preço que pagamos pelo
prazer indescritível de dar à luz um escrito. Evitar essa dor é renunciar à
nossa insofismável condição de prenhe, é postergar o iminente parto e, por
vezes, é abortar o feto e expelir as palavras que não foram escritas – sem dor,
todavia, sem clímax.
Só se faz escrever com sofrer. Se não há um sacrifício em
cada linha, sangue nas ideias e, por fim, uma derradeira prostração, algo se
deu, naturalmente, só não se escreveu. Superar a dor é o nobre mister do escritor.
Escrever é autoflagelar-se para comprazer-se. O escritor é um masoquista.
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