Greta Garbo atuou como Marguerite Gautier em A Dama das Camélias, filme de 1937. |
Há cerca de dez minutos, concluí a leitura de A Dama das
Camélias, de Alexandre Dumas Filho. Encontro-me, ainda, em êxtase, tanto me
tocou a belíssima e doce-triste história de amor entre a mais cobiçada cortesã
dos salões e teatros parisienses, Marguerite Gautier, e o jovem e respeitável
estudante de direito Armand Duval. A narrativa, soube-o só agora, surgiu a
partir de uma experiência vivenciada pelo próprio autor, que, aos dezoito anos,
tornou-se amante de uma famosa cortesã francesa, de então vinte anos: Marie
Duplessis.
Alexandre Dumas é dono de um texto límpido e preciso,
requintado sem ser pedante, e esse seu estilo harmonizou-se perfeitamente com a
linda história de amor retratada na narrativa, acolhendo-a afetuosamente. O preconceito,
a hipocrisia, o moralismo excludente que imperavam na França de meados do
século XIX (e que, ainda hoje, fazem vítimas) se opunham ao amor puro e
verdadeiro que encontrara guarida numa cumplicidade improvável, porém sublime e
verdadeira. Às vicissitudes que investiam contra os dois amantes de maneira
violenta e cruel, sobrevinham fugidios momentos de completa felicidade. E,
apesar de todos os entraves, o amor parecia inabalável – como, de fato, revelou-se – mas sustentar aquela união, e preservar o sentimento, carecia de um
heroísmo impensável.
Alexandre Dumas Filho inicia a narrativa dessa bela história
de amor com a seguinte frase: “Sou da opinião de que só se pode criar
personagens quando já se estudou muito os seres humanos...”. Da mesma forma, penso que, para o leitor,
tanto mais se compreende um personagem, quanto mais se conhece o ser humano – e
talvez essa seja a condição primordial para se emocionar com A Dama das
Camélias.
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