quarta-feira, 17 de abril de 2013

AS FLORES DE DUMAS



Greta Garbo atuou como Marguerite Gautier em A Dama das Camélias, filme de 1937.

Há cerca de dez minutos, concluí a leitura de A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho. Encontro-me, ainda, em êxtase, tanto me tocou a belíssima e doce-triste história de amor entre a mais cobiçada cortesã dos salões e teatros parisienses, Marguerite Gautier, e o jovem e respeitável estudante de direito Armand Duval. A narrativa, soube-o só agora, surgiu a partir de uma experiência vivenciada pelo próprio autor, que, aos dezoito anos, tornou-se amante de uma famosa cortesã francesa, de então vinte anos: Marie Duplessis.

Alexandre Dumas é dono de um texto límpido e preciso, requintado sem ser pedante, e esse seu estilo harmonizou-se perfeitamente com a linda história de amor retratada na narrativa, acolhendo-a afetuosamente. O preconceito, a hipocrisia, o moralismo excludente que imperavam na França de meados do século XIX (e que, ainda hoje, fazem vítimas) se opunham ao amor puro e verdadeiro que encontrara guarida numa cumplicidade improvável, porém sublime e verdadeira. Às vicissitudes que investiam contra os dois amantes de maneira violenta e cruel, sobrevinham fugidios momentos de completa felicidade. E, apesar de todos os entraves, o amor parecia inabalável – como, de fato, revelou-se – mas sustentar aquela união, e preservar o sentimento, carecia de um heroísmo impensável.

Alexandre Dumas Filho inicia a narrativa dessa bela história de amor com a seguinte frase: “Sou da opinião de que só se pode criar personagens quando já se estudou muito os seres humanos...”.  Da mesma forma, penso que, para o leitor, tanto mais se compreende um personagem, quanto mais se conhece o ser humano – e talvez essa seja a condição primordial para se emocionar com A Dama das Camélias.

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