O que eu quero ser quando crescer?
Um cão!
Indagar-me-ão
Por quê?
Explicar-lhes-ei, então
Um cão!
Pra sentir mais do que entender
Pra ser, não atuar
Pra viver, não desempenhar
Pra ser um ser da rua, do mundo
Ou, com sorte, ter um dono
Que me fustiga; e eu o amarei
Que me castiga; e eu o adorarei
O medo do abandono
Far-me-á seu fiel patrono
Um cão!
Pra me contentar com um afago
Restos do meio-dia
E um cantinho protegido da chuva
Um cão!
Altivo e nobre
Porém, humilde
De olhinhos cândidos
Desprendido e docemente irracional
E assim merecer
Da maneira mais legítima
A alcunha de “humano”
E morrer aos quinze anos
Sem fazer vítimas
Nem causar maiores danos.
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