domingo, 12 de dezembro de 2021

EPÍLOGO

De repente, o sorriso amarelecera
o olhar se desviara
e a indiferença fez-se companheira
de quem ficara

Madrugadas longas e vazias
prenhes de incertezas e de medos
mantinham-me em vigília
aguardando alguém
sabe-se bem
que não viria

Pois, algures, a noite é uma criança
que não dá satisfação de seus brinquedos
e brinca, e canta, e dança
e seduz, e alicia...
Pra que, então, voltar tão cedo?

E cá, no escuro, a cama é ermo continente
em que me recolho em degredo
e os pensamentos são açoites
Que triste enredo!
Que interminável noite!

Eis que, de repente – não mais que de repente
o que era tudo desfez-se em nada
o que era imenso apequenou-se
e a mão, que em tantas foi carinho, foi guarida
acenou-me a despedida
e se foi... feliz da vida.

Nenhum comentário: