sábado, 13 de maio de 2006

CARIOCA


Recordo-me ainda, claramente, como se hoje fosse, lá em meados de 1998, o exato instante e o preciso local em que adquiri o até então mais recente CD de inéditas do grande Chico Buarque. Chamava-se As Cidades. Ansioso e apreensivo, tão logo soube que estava já a venda, corri à loja de CD’s mais próxima e cumpri com o meu doce dever de apreciador da boa música: comprei-o.
Pois anteontem, aproximadamente oito anos após o fato supranarrado, revivi, com vivas cores e esfuziante entusiasmo, aquele momento mágico – como sempre hão de ser os momentos em que o nome Chico Buarque se fizer presente –, e comprei, fazendo vistas grossas ao altíssimo custo da aquisição (mas esta já é outra história), o mais novo CD do compositor: Carioca.
A obra é sublime! Estou degustando-a com vagar, sorvendo-a lentamente e minuciosamente para experimentar a pleno todas as suas nuances musicais, as sutilezas dos acordes e a engenhosidade das letras que, em se tratando de Chico, sempre merecem atenção redobrada. Sua nova fase, ao meu ver, possui forte inclinação erudita, essencialmente no que tange às melodias que, por serem de altíssimo nível e de um refinamento assombroso, assustam-nos em um primeiro momento, mas apaixonam na medida em que nos acostumamos com sua complexidade, bem como com a maturidade alcançada nos acordes.
Primoroso! De resto, é escutá-lo à exaustão e deixar-se embriagar pela beleza e perfeição da arte deste magnífico artista brasileiro.

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