terça-feira, 29 de abril de 2014

REFLEXÃO

Talvez eu pare de beber. Penso nisso todos os dias e, no mais das vezes, rendo-me à supremacia do hábito e à sedução do vício, e bebo. De regra, bebo pouco, mas bebo sempre. Quando estou feliz, quando triste, eufórico ou depressivo, pra dormir ou pra me excitar, pra esquecer e pra rememorar; nessa sina, minha condição anímica não é determinante. Bebo simplesmente por que gosto e me faz gosto. Se um dia eu parar de beber - e talvez eu realmente pare, um dia - serei um respeitável cidadão sóbrio, convencional, livre de julgamentos e de olhares desconfiados, contudo, mais triste, incompleto, bem menos "eu". Tudo bem, resolve-se facilmente isso com um oneroso "tarja preta" categoricamente prescrito pelo "doutor", associado a intermináveis e enfadonhas sessões de terapia igualmente dispendiosas. No entanto, sigo bebendo, por ora, sem jamais refutar a hipótese - simpática enquanto tal - de, um dia, parar de beber. Tim-tim!

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