quarta-feira, 21 de maio de 2014

CORES DA INFÂNCIA


A infância é multicolorida: lápis-de-cor, giz-de-cera, pincéis, massa de modelar, flores, arco-íris... Os sonhos são de chocolate e algodão-doce, as brincadeiras são coloridas e as amizades podem sê-las, também! O beijo da mãe é vermelho; o afago do pai é azul; a comida da vó vai do amarelo ao cor-de-rosa; o mar pode ser verde ou azul, mas o banho de mar é uma paleta de cores infinitas. A esperança é verde que, só de ver, faz dever esperar pelo que há de vir.

Aí, intempestivamente, chega o tempo - o carrasco universal -, carrancudo e incomodado com tão inconveniente policromia, e, lentamente, vai-nos desbotando até que, num dado grau de esmaecimento, a realidade passa a chegar-nos completamente em preto-e-branco. Até mesmo as lembranças de uma infância de vivas cores sobrevêm-nos em nostálgicos tons de cinza. Somos, então, adultos: áridos, estéreis e acometidos de um daltonismo desalentador. Agora, o que prevalece é o "preto no branco", o resto são meras cores, flores,  amores...

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