A infância é multicolorida: lápis-de-cor, giz-de-cera, pincéis,
massa de modelar, flores, arco-íris... Os sonhos são de chocolate e
algodão-doce, as brincadeiras são coloridas e as amizades podem sê-las, também!
O beijo da mãe é vermelho; o afago do pai é azul; a comida da vó vai do amarelo
ao cor-de-rosa; o mar pode ser verde ou azul, mas o banho de mar é uma paleta
de cores infinitas. A esperança é verde que, só de ver, faz dever esperar pelo
que há de vir.
Aí, intempestivamente, chega o tempo - o carrasco universal
-, carrancudo e incomodado com tão inconveniente policromia, e, lentamente,
vai-nos desbotando até que, num dado grau de esmaecimento, a realidade passa a chegar-nos
completamente em preto-e-branco. Até
mesmo as lembranças de uma infância de vivas cores sobrevêm-nos em nostálgicos tons
de cinza. Somos, então, adultos: áridos, estéreis e acometidos de um daltonismo
desalentador. Agora, o que prevalece é o "preto no branco", o resto
são meras cores, flores, amores...
Nenhum comentário:
Postar um comentário