terça-feira, 29 de abril de 2003

Tudo OK!



Um vazio (2,5Kg) e uma ripa (2,5Kg).

Uma caixa de Polar (de garrafa!).

Meio quilo de coraçãozinho de galinha (para aperitivar).

Vinte e cinco cacetinhos (pãozinho com alho é ótimo, o pior é o catingão no dia seguinte, mas como quinta é feriado...).

Um pote de margarina com sal (para fazer o pãozinho).

Um pacote de farofa pronta temperada.

Dois litrões (daqueles de 2 litros, sabe...) de refrigerante.

Cinco tomates para a saladinha (afinal todos nós levamos uma vida saudável e não dispensamos uma boa salada).

Um pacote de guardanapos.

Uma caixinha de palitos de dente (não tinha os da Gina, que pena!).



Ah! Alguém lembre de levar o baralho (he, he, he...).

segunda-feira, 28 de abril de 2003

ATENÇÃO TIGRADA DA CRT ! ! ! ! !



Tamagochi, Careca, The Backes on the table, Sustenido, Super Mário, Melagrião, Pêto-chie, Delmare, Gato-de-armazém e Bionicão.



Convocação extraordinária (extra é a Brahma e ordinários são os convocados) para um churrasco, quarta-feira, na casa do Delmare. Com direito a muito pão com alho, falar mal de quem não comparecer e canastra até às cinco da manhã! He, he, he... (fe-ve-ve-ve...)
Pois é! Minha Brahma está muito gostosa, mas como ela acabou...



...vou até a geladeira pegar outra!
Cara! Acabei de fazer uma prova de Custos II. Sinto que me dei muito mal. Foi uma prova muito custosa de se fazer, apesar de eu tentar a todo custo resolver todas as questões. Quem mandou não estudar. Acho que essa vadiagem acabou me custando caro. Eu geralmente custo a admitir esse tipo de coisa, mas no grau II acho que não custará nada estudar um pouco mais. Grande parte do pouco que eu consegui realizar da prova foi às custas de muita cola que eu e o meu irmão trocamos. Agora rezemos pela ajuda divina, não custa, né?
Musicalmente falando, aqui vão os meus preferidos (não necessariamente nesta ordem):



CHICO BUARQUE – Simplesmente o melhor. O maior compositor de MPB de todos os tempos. Sem dúvida, o meu preferido.

TOM JOBIM – Nosso maestro maior, gênio das melodias sublimes.

VINÍCIUS DE MORAES – O melhor da poesia em forma de música.

CARTOLA – Mestre do samba-canção. Une a simplicidade com a genialidade.

ELIS REGINA – Simplesmente a melhor intérprete de todos os tempos. Muita técnica e emoção.

ZÉ RAMALHO – O surrealismo fantástico na MPB.

PAULINHO DA VIOLA – O maior sambista da nova safra, herdeiro de Cartola.

GONZAGUINHA – A reivindicação social com muita qualidade musical.

GERALDO VANDRÉ – Um ícone das lutas contra a repressão. Canções fortes, de cunho político e social.

MARIA BETHÂNIA – Grande intérprete de grandes canções.

ZECA PAGODINHO – O último bastião do pagode autêntico do Brasil.

RENATO TEIXEIRA – Composições interioranas com gosto de nostalgia. Um caipira de altíssimo nível.

BETH CARVALHO – A maior sambista do Brasil.

NOEL ROSA – O gênio que revolucionou a música brasileira. Esteve muito à frente de seu tempo.

MARTINHO DA VILA – A malandragem brasileira em pessoa. Samba de primeira.

JAIR RODRIGUES – A voz de trovão, altamente afinada. Se sai bem cantando qualquer estilo de música.

IRA! – Melhor banda do Brasil.

NELSON CAVAQUINHO – O gênio da música negativista.

LUPICÍNIO RODRIGUES – O compositor gaúcho que conquistou o Brasil com sua música de altíssimo nível.

RAUL SEIXAS – Irreverência e autenticidade. Bateu de frente com o mundo e deixou o seu recado.

LUÍZ VIEIRA – O grande poeta sertanejo.



Gosto não se discute e bom-gosto não se compra em farmácia. Talvez eu tenha cometido a imperdoável injustiça de esquecer algum nome mas, com certeza, os meus preferidos estão aqui. Dizem que eu gosto do que é velho. Enganam-se, eu gosto do que é BOM.

Sexta-feira à noite:

Muito chope na cabeça e palavras soltas na língua.

Desculpem-me se exagerei.

Extravasei minha alegria e não me contive.

Obrigado turma!

(Obrigado pelo convite, Déia.)
O Niágara o Guto acabou de abrir (eu estou tomando cerveja) e o Pinot vai ficar por último (preciso encontrar um queijo para acompanhar).

domingo, 27 de abril de 2003

Sábado à tarde fomos à Boa Esperança, Rolante. Meu pai, o Guto e eu. Que saudade dos tempos em que eu ia para lá trepar (nos postes, né...). Um belo passeio que vale à pena. Revi alguns lugares que remeteram-me aos bons tempos da CRT. Tempos em que meus colegas (amigos, antes de tudo) e eu nos divertíamos mais do que trabalhávamos - não que fossemos vadios, mas sim por adorar o que fazíamos. Que saudade!!!



Resultado: 1 Pinot e 3 Niágara na boléia. Coisa fina o vinho do Finger!
Falando sério, o Falasério (sistema de comments) se revelou uma verdadeira porcaria. Não pelo sistema em si, pois sua funcionalidade é bem satisfatória. O problema é que vira e mexe ele sai do ar! Assim não dá Bionicão! Me tirou do sério. Então eu resolvi adotar o Enetation que eu conheci no Blog de Notas e achei muito legal. Realmente ele é bem melhor, mais completo e, espero, mais estável. Só faltam alguns ajustes para ficar "tudo certinho no vidrinho". (gostaram dessa, hein!?)

sexta-feira, 25 de abril de 2003

Dizem que omitir não é tão grave quanto mentir. Discordo!

A omissão é a mentira silenciosa.

A omissão é hipócrita, pois se diz a face nobre da mentira.

A omissão é covarde, pois não se assume.

Ela é repugnante e torna igualmente repugnante a quem dela faz uso.

Omitir é lançar mão de um artifício vil para aparentar grandeza de caráter.

Omitir é pior do que mentir. A omissão é o inimigo invisível. A mentira é palpável e passível de enfrentamento.

quinta-feira, 24 de abril de 2003

Hoje eu escutei uma tirada "melagriônica":



"O bom filho pródigo à casa torna."



Vixi!!! Que misturança! He, he, he...
Às vezes me pergunto: o que é ser marginal? Palavra oriunda do substantivo "margem" que significa algo periférico, excluído, algo que está à beira de tudo; à margem de tudo. Em uma página de um livro há as margens esquerda e direita, as margens inferior e superior. Elas emolduram o texto, o grande protagonista, de cuja existência, porém, independe a existência das margens. Elas são o sustentáculo da nobreza, no caso, as frases, orações e parágrafos.



Sociologicamente falando, o indivíduo marginal é aquele delinqüente que rouba, mata, seqüestra e estupra. Ele vive à margem das normas éticas e morais. Ele não cumpre as leis e não respeita regras de conduta. Ele é um marginal na mais pejorativa acepção do termo.



O mundo moderno, com seu caráter excludente e truculento, acabou criando o novo marginal: o povo. Refiro-me ao povão, mesmo. O povão trabalhador (quando o deixam trabalhar!), o povão que sofre, o povão que paga imposto, o povão que só quer um pouco de amor, trabalho e pão. Em resumo, todos nós. Vivemos à margem de tudo. Somos cidadãos no papel e marginais na vida. Marginais na acepção neoliberal da palavra (neomarginais?). A situação desesperadora de um pai de família que procura emprego e não encontra pois não possui qualificação para ocupar as poucas vagas de que o mercado dispõe, pois desde sempre este cidadão estivera à margem dos serviços educacionais de qualidade, é típica da marginalização moderna. A marginalização tecnológica é outro tipo de exclusão violenta hoje em dia. Por mais incrível que possa parecer (os "bem-nascidos" devem achar um absurdo o que direi, mas é a mais pura verdade!), um percentual baixíssimo de pessoas tem hoje acesso ao mundo da informática. Ter um computador em casa, então, é coisa para alguns poucos privilegiados (só peço que pensem além, muito além, dos bairros de classe média das suas cidades). As pessoas estão marginalizadas como cidadãos e seres-humanos. Estamos à margem do respeito, da consideração, da dignidade. Fomos reduzidos a números e estatísticas. A competitividade cruelmente nos colocou à margem da humanidade e da fraternidade.



Marginais somos todos nós que não participamos das decisões políticas dos nossos "representantes". Estamos à margem porque votamos e nos fazem acreditar que o nosso direito não vai além disso. Estamos à margem porque pagamos impostos e não vemos retorno algum em forma de benefícios ao povo. Estamos à margem porque, quando menos esperamos, estoura um novo escândalo nos jornais envolvendo milhões (e até bilhões) de reais desviados dos cofres públicos e notamos que esta foi apenas a gota que entornou todo o líquido. Nos damos conta de que, enquanto estávamos procurando um atendimento médico pelo SUS (somos marginais, não temos UNIMED), enquanto batíamos de porta em porta a procura de emprego (somos marginais, não temos diploma), enquanto assistíamos novela (somos marginais, não temos NET), enquanto pagávamos o nosso carnê para não pararmos no SPC (somos marginais, não temos VISA), algum safado eleito através do nosso voto se locupletava às nossas custas (somos marginais, temos vergonha na cara).



Somos a margem que sustenta o texto na página do livro. Somos o povo que sustenta o capital. Nosso trabalho escravo proporciona à nobreza o destaque que ela, como protagonista, nos faz acreditar que merece. Mas o que seria dos parágrafos e frases bem escritas sem a margem para lhes dar sustentação? A margem que emoldura também impõe limites. O dia em que o povo descobrir isso, a coisa vai ser diferente.



O marginal moderno de hoje pode ser a semente do marginal sociológico de amanhã ou o germe do marginal revolucionário do futuro. Só depende de o vento soprar para o lado certo.

quarta-feira, 23 de abril de 2003

Cara! Acabei de matar dois marimbondos aqui na sala de casa. Duas chineladas precisas e fatais! Foi emocionante!
Quando uma coisa "entra por um ouvido e sai pelo outro", seria correto dizer que trata-se de um caso de "bulimia cerebral"? Ou "incontinência encefálica"?

terça-feira, 22 de abril de 2003

Bom, tem várias loiras me convidando pra sair, agora. Desculpem-me mas não posso decepcioná-las.

Ah! São elas: Brahma, Skol, Polar, Antarctica... na hora eu escolho. He, he, he...
Cara! Ainda não consegui largar O Vermelho e o Negro para ler a minha Caros Amigos. É realmente fascinante! A vida de um jovem francês de 20 anos, fã ardoroso de Napoleão, que vive o dilema de optar entre a carreira militar - inspirado nos passos de seu grande ídolo - e a vida religiosa, para a qual revela grande talento e vocação. Em meio a isso tudo, um amor proibido e, ao mesmo tempo, incontrolável. De lambuja, uma fantástica aula de história sobre a França do início do século XIX, após a queda do império napoleônico. Perfeito!
Já se foi o tempo de criança em que, na páscoa, ganhávamos tanto chocolate que uma bela dor-de-barriga era inevitável, com direito a caganeira e tudo. Os tempos são outros: nós crescemos e a carestia idem.

segunda-feira, 21 de abril de 2003

Você sabia que as empresas que adquirem o nosso patrimônio público nos leilões de privatização têm direito a descontar do imposto de renda todo o ágio (diferença entre o valor inicial e o valor final de venda, pelo qual é arrematada a empresa) que, porventura, venha a ser acrescido ao preço original expresso no edital de privatização?

E que todo o valor pago na aquisição dessas empresas públicas é financiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)?

E que os recursos de que o BNDES dispõe para isso são oriundos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)?

E que o BNDES está proibido de financiar investimentos de empresas públicas pois, segundo os "burrocratas-neoprivatizantes-globalizantes", isso caracterizaria um aumento nas despesas públicas e, conseqüentemente, no déficit público?

E que a AES, multinacional americana que adquiriu a Eletropaulo, enviou um bilhão de dólares para a sua matriz (que está em dificuldades financeiras) e, com isso, está inadimplente junto ao BNDES?



Se você sabia, parabéns! Você é realmente uma pessoa muitíssimo bem informada. Se não, tudo bem. Este tipo de informação não é divulgada pela imprensa. Povo bem informado é mais difícil de ser manipulado.

Meus arquivos estão se multiplicando ali à esquerda. Se alguém que ler o meu "blogui" ficar em dúvida quanto a minha sanidade mental, confirme a sua suspeita nos meus posts antigos (He, he, he...).
Que saco!

Às vezes você está a fim de escrever, mas não sabe o quê.

Às vezes você sabe o quê, mas não está a fim.

Fazer o quê?

Se desse pra marcar a hora do "estar a fim" encontrar com o "saber o quê", seria ótimo.

domingo, 20 de abril de 2003

ATO LEIGO DE CONTRIÇÃO



Meu talento é defesa.

Minha inteligência é acaso.

Não sou criador, sintetizo.

Minha bondade é culpa.

Meu bom senso é medo.

Não sei, sugo.

Meu equilíbrio tem as deformações do que é normal.

Minha lucidez nasceu da doença.

Não sou, suo.

Minha simpatia é feita de naturalidade.

Meu galanteio é corruptor.

Não tenho gestos, tenho intenções.

Minhas admirações são inveja.

Meu espanto é covardia.

Não invento, formulo.

Minha indiferença arde de desejos.

Minha doçura é timidez.

Minha versatilidade é esquizóide.

Não planto; colho, espertamente, a emoção comum.

Não fecundo porque sou hábil.

Não educo porque sou fraco.

Não desagrado porque sou dependente.

Não abalo porque sou medroso.

Meu brilho é a máscara do meu vazio.

Meu vazio é a minha verdade.

Minhas palavras são "flatus voicis".

Não sou expulso porque me acomodo.

Não crio porque ouso.

Não abro caminhos. Sou mero tradutor.

Não renovo porque repito.

Não ameaço porque prefiro o mais fácil.

Não espanto porque me deixei amansar.

Não sangro porque desisti.

Meu NÃO tem disfarces demais.

Meu SIM, quando será integral?

Meu eufemismo é hipócrita.

Não perco o emprego porque aprendi a sobreviver.

Não digo todas as minhas verdades por medo e preconceito.

Não escrevo o que sei e sim o que finjo saber.

Não sei, nem tudo o que finjo.

Minha frase é esconderijo.

Meu prestígio é minha insegurança.

Minha palavra não é o "sal da terra".

Minha alegria é de estufa.

Meu elogio é demolidor.

Não sou a imagem que projeto.

Não mereço as carinhos que recebo.

Não valho a sua admiração.

Não sinto, sentindo, o que sinto escrevendo.

Minha modéstia é arrogante.

Minha agressão é ressentimento.

Minha ironia dá úlcera.

Minha vitória é menoridade.

Não me decido a ser definitivo.

Não venci as derrotas antigas.

Não derrotei as vitórias fáceis.

Meus ideais são ambições fantasiadas.

Minha crítica é projeção.

Minha frustração escreve melhor do que eu.

Minha amargura me finge simpático.

Não consegui vencer minha infância.

Minha coerência foi parar no sanatório.

Meu sarcasmo tem cara de anjo.

Meu riso é amortecedor, emoliente, trânsfuga.

Não sou bom, preciso de bondade.

Minha esperança e minha salvação:saber de tudo isso.

E CONFIAR E PROSSEGUIR.




Artur da Távola



Me encontrei em muitos desses versos. Vê se contigo não acontece o mesmo.

"Conhece-te a ti mesmo." (Sócrates)
Só pro dia não passar em branco... (no caso, em azul)

sexta-feira, 18 de abril de 2003

Por falar em tempo: parece-me que vai chover...
Vocês já repararam que, invariavelmente, o ano que está por findar nos traz a nítida impressão de que passou mais rápido do que o ano que o antecedeu; e que este, por sua vez, fora mais rápido do que o anterior, e assim por diante?



Pois eu tenho uma teoria sobre isso (ai, ai, ai, sai de perto! He, he, he...):

Como tudo é relativo, obviamente que o tempo não poderia deixar de sê-lo. A nossa noção de tempo é, impreterivelmente, baseada no tempo que já experimentamos, ou seja, o tempo que vivemos até então. Não há como ser diferente. Essa é a única amostragem de tempo com que tivemos contato e, ao vivê-lo no seu transcorrer, nosso relógio biológico se ajusta e se aperfeiçoa. O tempo não é um conhecimento puro (a priori, como diria Kant), mas sim um conhecimento absolutamente empírico (a posteriori), tendo por base única e exclusivamente a experiência. Conhecemos o tempo na prática, não na teoria. Portanto nosso parâmetro de tempo é todo o tempo que vivemos até o presente momento.



Agora, por que cada ano que vivemos parece passar mais rapidamente do que o anterior?

Porque cada novo ano representa uma fração menor de tempo em nossa vida (lembrem que o tempo de vida é o nosso parâmetro de tempo). Nossa existência é o esteio da nossa noção de tempo e comparada a ela é que mensuramos cada segundo de nossas vidas.



Exemplifiquemos para simplificar:

Joãozinho tem um ano de idade. Um ano significa para ele toda a sua existência. Joãozinho completa dois anos de idade. O que representa para Joãozinho este ano a mais na sua vida? Representa 50% de sua existência até então! Perceberam o quão lentamente deve ter passado este "um ano" na vida de Joãozinho, já que toda a noção de tempo que ele possuía era o "um ano" que vivera até então?

João tem 49 anos de idade, muita experiência e maturidade. Passa-se um ano e ele chega aos 50. Quanto tempo levou esse "um ano" na vida de João? Se sua noção de tempo é baseada, de forma absolutamente empírica, no seu tempo de vida, o parâmetro indiscutível são os seus 50 anos de existência. Um ano, então, representa a qüinquagésima parte da sua vida, 1/50 avos do seu tempo de existência. Uma fração bem menor do que os 50% de Joãozinho. Este ano passou rapidamente para João, mais rápido do que fora o ano anterior e muitíssimo mais rápido do que fora, para Joãozinho, este mesmo ano.



Não se aprende (ou apreende) o tempo na escola ou em livros e cartilhas. O tempo não é teórico, é prático. Não se explica, sente-se o seu transcorrer e os efeitos que dele resultam e, daí sim, formamos a noção que temos de tempo. Quanto mais vivemos mais aprendemos sobre ele.



Acho que consegui deixar claro o porquê de, ao meu ver, quanto mais velhos ficamos, aumentar a impressão de que o tempo passa mais rápido. É uma progressão geométrica. Os anos vão encolhendo e as angústias, oriundas do temor à morte, aumentando.



P. S.: Ô louco!! De onde é que eu tirei isso?! Mente ociosa, terreno fértil para devaneios. Fazem parte. Registremo-los, então.

"Conhece-te a ti mesmo."



Na minha opinião, a frase mais perfeita já dita em toda a existência humana. Diz uma monstruosidade de coisas em pouquíssimas palavras. É perfeita, é sublime, é genial! Só podia ter vindo de quem veio: Sócrates, filósofo grego considerado por alguns - depois de Jesus Cristo - a pessoa que teve maior influência nos destinos da humanidade.
Cara! Essa não dá pra acreditar. Se você for ao Carrefour de Novo Hamburgo comprar algum CD, repare como os animais* escreveram a palavra coletâneas no espaço destinado a este tipo de CD. E já faz mais de um ano que está assim! Será que as antas** não se deram conta, ainda?



* Sem querer ofender os animais, estou falando aqui dos racionais(?????).

** As antas em questão não são os conhecidos animais mamíferos perissodáctilos da família dos Tapirídeos, não, mas sim aquelas que caminham sobre duas patas e que acreditam piamente ser a espécie superior de vida na Terra (ha, ha, ha...).

quinta-feira, 17 de abril de 2003

Se tem uma coisa que eu gosto de fazer (entre outras, é claro!) é navegar descompromissadamente na internet bebendo uma cerveja bem geladinha. Êiiita coisa bem boa, sô!!
MULHER:

Dê o rabo para um famoso, provoque algum escândalo na mídia e ganhe um programa de TV!

É uma enxadada, uma minhoca (expressão utilizada pelos antigos para salientar que, no assunto em questão, não há como errar).
Dizem que esta moderação petista se deve ao amadurecimento do partido.

Só me resta então votar no Partido Verde...

quarta-feira, 16 de abril de 2003

Do Fundo pro Mundo



Já estive no fundo do poço,

conheci o profundo desgosto

da solidão,

da desilusão,

da decepção;

parecia viver sem estar vivo

e, amigo, tu bem sabes o motivo...

Depois do fundo não há mais nada,

então, amigo, começa a tua escalada!

Constrói de novo tua estrada,

retoma tua caminhada,

deixa o fundo no fundo

e do fundo não tragas nada.

Mais forte tu estás agora

(devido à dor suportada)

que deixaste o exílio de outrora

e te abriste de novo pro mundo.

Já estive no fundo do poço,

no fundo do fundo do fundo,

sentindo-me o mais vil dos seres,

talvez o mais vil dos imundos,

por isso te digo agora,

e insisto, é esta a hora,

amigo, basta quereres!

Cara! Parei hoje, só volto na terça (depois da chuva...)! Cinco dias de folga. Vou desestressar a cabeça um pouco. Se faz necessário pois a retomada do trampo na semana que vem não vai ser mole: colega de férias e eu assumindo toda a bronca. Faiss parrrti! (ossos do ofício de um gerente adjacente recém-empossado. He, he, he...)

terça-feira, 15 de abril de 2003

Chegou hoje aqui em casa a minha revista Caros Amigos, da qual sou assinante a uns quatro anos. Possuo todos os exemplares a partir do número 3, me faltam o 1 e o 2 – este deve estar metido em algum buraco na casa do Marcos (Maria da Graça Meneghel). No momento, suspendo a leitura agradabilíssima e prazerosa de O Vermelho e o Negro para deliciar-me com as reportagens e artigos da melhor publicação do Brasil. Abandono temporariamente o erudito para dedicar-me à atualização. Retomo aquele assim que terminar esta.



A propósito, a referida revista, logo que foi lançada, parecia-me que teria vida breve devido ao seu caráter questionador e corajosamente esclarecedor. Não será fácil nadar contra a corrente em águas povoadas por enormes tubarões, pensei eu. Mas, para minha surpresa, ela está já no seu sexto aniversário e promete muitos anos mais de existência. Nós, leitores de bom-gosto, agradecemos.

segunda-feira, 14 de abril de 2003

Sou uma cara extremamente paciente. Até demais, às vezes. Minha tolerância parece não ter fim; mas tem! Raramente alguém consegue me tirar do sério, mas quando consegue, saiam de perto. Mal comparando, faço uma analogia com uma montanha russa (dos parques de diversões), daquelas que têm uma enorme subida, muito íngreme, e logo em seguida uma queda brusca e violenta. Pois é: minha paciência é o carrinho da montanha russa que vai subindo lentamente movido pela encheção de saco, por desaforos, por faltas de respeito e de educação, por cinismo, por hipocrisia, por falsidade, enfim... tudo que pode acabar com a paciência de qualquer ser humano que tenha algum sangue correndo nas veias. Devido à minha benevolente personalidade, o carrinho sobe muito devagar, mas sempre rumo ao pico da montanha, que precede a grande queda. O pico é o limite. A queda é a conseqüência inevitável. Ela é rápida, devastadora e inconseqüente. Ninguém segura mais o carrinho depois que se principia a sua decida. É a minha paciência que se esgotou. É realmente incrível a maneira como eu me transformo; doa a quem doer, torno-me agressivo e faço coisas das quais venho a me arrepender amargamente depois; tomo atitudes que em hipótese alguma viriam da minha pessoa quando em estado normal. Muitas vezes eu exagero no revide querendo aplicar um remédio mais amargo do que a própria doença. Fazer o quê? Esse sou eu. E que bom que eu reconheça este defeito e o admita a ponto de alertar aos que comigo convivem. Considerem-se avisados, o Incrível Hulk está a solta! (He, he, he, he...)

domingo, 13 de abril de 2003

Que merda!!! O Terra, domingo no fim de tarde, é impossível! Nem com reza braba eu conecto. Daí eu recorro ao iBest, que tem em Taquara, agora.
"Deixe-me ir, preciso andar;

vou por aí a procurar,

rir pra não chorar.

Se alguém por mim perguntar

diga que eu só vou voltar

depois que me encontrar..."




Preciso me Encontrar (Candeia)

sábado, 12 de abril de 2003

- Uma grande: metade Moda da Casa - carrega no alho! -, metade casinha de cobra. E já pode trazer uma gelada pra abrir o apetite!
E aí, Cabista! Lembra daquele CD do Emílio Santiago que a Lúcia tinha comprado na Parmalat? E ela insistia em tocá-lo, achando que estava nos agradando... Ha, ha, ha, bons tempos, hein!
Pois não é que surgiu no cenário musical brasileiro um novo pasteurizador de músicas. Esse tal de Jorge Vercilo. Seguindo a linha do Emílio Santiago, que consegue estragar e banalizar qualquer canção que interpreta, esse novo cantorzinho com cara de pastel engordurado (repare bem a cara dele e veja se não estou certo) está vendendo CD aos borbotões com o apoio massivo da mídia e o apadrinhamento da famigerada (sempre ela!) Rede Globo. Suas músicas são paupérrimas: melodias totalmente previsíveis e letras que beiram o ridículo. E o povão gosta! Não tanto pelo fato de não terem bom-gosto, mas sim por não terem acesso à boa música brasileira que é, de certa forma, discriminada pelas rádios e TV’s. Se as pessoas conhecessem, por exemplo, a obra de Chico Buarque e a tomassem por parâmetro, se espantariam ao perceber quanto lixo faz sucesso no Brasil.
Uma ótima notícia para quem gosta de televisão: a Rede TV! deixou de ser retransmitida pela Pampa, aqui no RS. Não se lucra muita coisa com a volta da Record mas, que esta é menos ruim que a Rede TV!, é inegável (se é que possa existir algo pior do que a rede TV!, que é um verdadeiro lixo!). Lixo por lixo, preferimos o que fede menos.
"... o Vermelho e o Negro não é só um primor pelo brilhantismo técnico que inspirou o autor ao escrevê-lo ou pela fidelidade histórica. Trata-se de um clássico e como tal torna-se um pré-requisito, uma cartilha de 'be-a-bá' para aqueles que 'respiram' literatura."



M. A. Pizzolatto



Concordo plenamente! Estou me deliciando com a leitura da obra de Stendhal. É daquele tipo de livro que, ao iniciá-lo, não se consegue mais parar de ler.
Acabei de conversar com o Marcos (Xuxa) por telefone. Personagem ímpar. Desses grandes amigos que a gente nunca esquece, por mais que a distância se coloque entre nós. Às vezes ficamos meses sem falarmos um com o outro, mas eu sei, e sei que ele sabe também, que a nossa amizade continua sólida e inabalável como sempre foi (por mais que alguns acontecimentos atípicos possam induzir ao contrário). A saudade é inevitável, mas só a sente quem faz por merecer. Tu mereces a minha saudade e eu mereço a tua. Valeu cara!!!



P.S.: Não beba muita Schincariol, faz mal pra quem não tá acostumado.

Sabe que, em relação à Bohêmia, a Brahma não deixa nada a desejar, não?



(glub, glub, glub... aahh!!! ARROOOUT!!! Desculpe...)

sexta-feira, 11 de abril de 2003

Comprei hoje, na livraria Nova Letra, em Taquara, o livro O Teatro do Bem e do Mal, de Eduardo Galeano. Apenas R$ 10,00. A série L&PM Pocket nos possibilita adquirir ótimos livros – até mesmo clássicos da literatura – por preços bem acessíveis para os tempos bicudos de hoje.



Hoje posso afirmar que Taquara está, finalmente, bem assistida em termos de livraria. Pois até o surgimento da Nova Letra nós tínhamos apenas alguns poucos arremedos de livraria.

O Vermelho e o Negro, livro que estou lendo no momento, conta uma história que se passa em uma cidadezinha do interior da França. O fato interessante para o qual eu quero chamar a atenção é que o autor descreve um povo cuja vida é pautada pelo que ele definiu como "tirania da opinião" que, segundo ele "é tão estúpida nas cidadezinhas da França, quanto nos Estados Unidos da América". A opinião distribui consideração e destrói reputação a seu bel-prazer. E essa mesquinharia toda existe até mesmo aqui, na minha cidade. Fôda-se!!
Cara! Lá no banco em que trabalho há os cargos de gerente geral e gerente adjunto. Como trabalho nas adjacências da gerência, vou me lançar ao cargo de gerente adjacente. Nome bonito e pomposo. Que tal? Sinto que há uma enorme carência de gerentes adjacentes nas agências do Banrisul! He, he, he...
Perguntinha básica e não muito criativa:



Já que é para por fim a um regime autoritário e despótico que oprime o povo de uma nação inteira, por que os EUA não invadem Cuba que, segundo seus critérios (questionáveis), vive sob um regime semelhante ao aplicado por Saddam no Iraque? Será que é por que a ilha caribenha não tem nada que possa interessar ao Tio Sam, como, por exemplo, PETRÓLEO? Será????????

Bom... acabou a minha Bohêmia. Vou pro berço. Nôôôite...

quinta-feira, 10 de abril de 2003

Vida Neutra



Seu sorriso é meio-sorriso;

nunca chorou, nunca sofreu pra chorar;

porém nunca gargalhou

aquele riso de fazer chorar.



Neutra, média, mediana, medíocre;

sem ápice nem nadir;

eterna temperatura amena

sem os rigores do inverno,

sem os prazeres do verão;

apenas uma primavera morna

em um ano de uma só estação.



Sem açúcar, sem sal,

insípida, inodora, incolor;

invariavelmente o meio-termo:

nem bem, nem mal.



Doentiamente dentro da média,

nauseantemente mantendo os padrões:

patético exemplo de comportamento.



Meias-verdades: mentiras inteiras;

valores equivocados

variando conforme o momento;

vida neutra, oca, vazia,

sem alma, sem coração.

Lamento!

Hoje comecei a minha segunda tentativa de ler O Vermelho e o Negro, obra-prima de Stendhal. Na primeira vez não obtive sucesso, achei-o um pouco cansativo. E como para mim a leitura tem de ser sempre um grande prazer, achei melhor aguardar um momento de maior maturidade literária para desfrutá-lo ao máximo. Agora estou sentindo que vai!
Até quando deixaremos que nossas vidas sejam pautadas pelas novelas da Globo?



As telenovelas exibidas diariamente na Rede Globo são, inegavelmente, um primor de técnica e de competência naquilo a que se propõem: entreter e alienar. Histórias interessantes que prendem a atenção do telespectador e que, de certa forma, fazem-no acreditar que aquilo que lhe é jogado na cara todo dia é um retrato fiel da vida real. As novelas nos mostram que é possível ser feliz e bem-sucedido na vida desde que sigamos rigidamente a receita que nos é imposta por elas. Elas ditam normas de comportamento e padrões de vida que são incutidos em nosso subconsciente e que, sem percebermos, passamos a assumir dogmaticamente como a única forma correta de existência. A pior delas é a novela das oito. Se a nossa vida foge do padrão "noveladasoito", não há a mínima possibilidade de sermos felizes. Tudo deve transcorrer tal e qual o padrão ditado pela Globo.



E as diferenças, como ficam? A vida real nada tem a ver com a ficção novelesca. Ela é infinitamente mais complexa e mais rica em possibilidades de felicidades e, por que não dizer, de infelicidades também. Ou você é daqueles que só considerar-se-á feliz e realizado quando conquistar um bom cargo executivo em uma multinacional, casar com uma pessoa linda e inteligente, ter um casalzinho de filhos para levar todo dia à escola, possuir, no mínimo, dois carros na garagem e uma casa em "Angra" ou "Petrópolis" para descansar nos finais de semana? Se você pensa assim, já está contaminado pelo vírus "noveladasoito".



Agora pense quanta frustração esse padrão "noveladasoito" pode causar em todos nós, pobres mortais da vida real. Porque a vida real é bem diferente. Cheia de adversidades e problemas, repleta de emoções e sentimentos que não caberiam no paupérrimo mundo novelesco-global. A realidade é tão rica em anormalidades que relega a pseudoperfeição das novelas, esta sim, ao posto de anormal. Não é normal um mundo onde tudo é normal demais, onde tudo é certinho demais, tudo dá certo no final e até mesmo o que é pra dar errado não foge à regra, dá errado mesmo. Tudo se encaixa perfeitamente no último capítulo.



E aí vem a comparação: minha vida é tão diferente das novelas, tenho que mudá-la para poder ser feliz. Mas é tão difícil! Como é que na televisão sempre dá certo? Se é possível na novela tem de ser possível também para mim.



Sejamos autênticos e menos hipócritas. Cada um de nós possui a sua maneira particular de ser feliz, de ter prazer, de sentir-se realizado. Não demos ouvidos ao padrão instituído pela sociedade contaminada pelo vírus “noveladasoito”. Perguntemo-nos a nós mesmos se nos sentimos bem sendo o que somos e, caso a resposta seja afirmativa, contrariemos o mundo, mas sejamos fiéis à nossa consciência.

Voltei pro Google. Vai entender...

quarta-feira, 9 de abril de 2003

terça-feira, 8 de abril de 2003

Hoje eu faço um ano de Banrisul! Parabéns para mim!
O verdadeiro Bush.

Clique ali em cima e note que o presidente norte-americano tem outro por dentro.



(furtado amigavelmente do Blog de Notas)
Poesias Caninas III



Feroz guardião lá no quintal,

animação inquieta lá na sala.

Se ordeno, na hora ele se cala.

Mas pode latir, não faz mal...

O importante é a alegria que ele espalha.

Desculpem o tom amargo do post anterior, mas é que hoje eu presenciei uma cena lamentável. Daquelas que, contando, ninguém acredita. Foi um simples desabafo.
O que leva uma pessoa a acusar alguém sem uma razão evidente? O que leva uma pessoa a fazer julgamentos precipitados sem conhecer o objeto julgado? O que leva alguém a se achar tão superior a ponto de magoar e humilhar indiscriminadamente uma pessoa com acusações injustas e absolutamente infundadas?



Arrogância? Prepotência? Absoluta ausência de sensibilidade e bom-senso? Estará esta criatura julgando os outros tendo por parâmetro a sua conduta de vida? Será ela tão burra a ponto de se colocar acima do bem e do mal? Ou sua ignorância é tamanha que não a permite enxergar o quão ridículo é o papel ao qual está se prestando? Acho que de tudo um pouco.



Mas e depois? Depois que ela se der conta de que não tinha razão? Que o papel ao qual se prestou foi um legítimo papelão? Depois que as evidências falarem mais alto do que a sua voz alterada e convencerem-na de que estava absolutamente equivocada? O que ela fará? Irá pra casa lamber suas feridas? E as feridas da pessoa injuriada/difamada/caluniada, como ficam? Estas são feridas maiores e mais doloridas - pelo fato de não terem sido merecidas - , mas que certamente irão cicatrizar rapidamente sob o bálsamo da razão, e não deixarão marcas profundas. Enquanto que as feridas desta acusadora infame permanecerão abertas e latejarão noites e noites na sua consciência, e ela certamente as levará junto consigo para o túmulo.



Não haverá pedidos de desculpas e, envergonhada - se é que lhe resta o mínimo de vergonha - , a inconseqüente acusadora se esconderá covardemente atrás do seu orgulho.

segunda-feira, 7 de abril de 2003

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.



Rui Barbosa




Mais uma do grande político baiano. Hoje estou com preguiça de escrever, por isso deixo-lhes apenas essa citação para que reflitam a respeito.

domingo, 6 de abril de 2003

Hoje eu abusei de textos alheios, mas acho que é válido. É uma forma de manifestar a admiraçao por seus autores e a concordância com o que dizem. Espero que todos compreendam.
AMIGOS



Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.

E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.

Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.

E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente, os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.



Vinícius de Moraes




Esse cara sabia das coisas! Faço minhas as suas palavras para homenagear os verdadeiros amigos que, como sugere o poetinha, "reconheci" durante a minha vida.

Acho que "leitor" é um termo muito consumista. Parece se referir a um cara que lê sem o prazer de ler.

A partir de agora me considero um "ledor" do Blog de Notas.

Ah! O Tamagochi também é um "ledor" assíduo do referido blog.
Política e Politicalha



A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento.

Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará com o batismo adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como um ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa.

Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente.

A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o beneficio de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.



Rui Barbosa




Junte a esse espetacular texto de Rui Barbosa o não menos expressivo "O Analfabeto Político" de Bertold Brecht e reflita um pouco antes de dizer que odeia política. Na verdade, a repulsa que você sente se refere, em última análise, à "politicalha" citada no texto acima, neologismo criado com muita propriedade por este que é considerado um dos maiores políticos brasileiros de todos os tempos. Rui Barbosa captou perfeitamente o significado da podridão existente dentro da política e soube diferenciar uma coisa da outra. A política é importante e indispensável à sociedade e à democracia. A "politicalha" é o parasita que necessita ser combatido e expulso de seu hospedeiro. O termo "politicalha", genialmente utilizado pelo político baiano, sugere como nenhum outro um sentido de baixeza a esse verdadeiro câncer que se espalha sorrateiramente e em silêncio, mas que pode ser combatido se deixarmos de lado a omissão e a passividade e fizermos política de verdade.

Acho que o que a natureza não dá em massa encefálica, ela compensa com massa muscular. Creio que seja uma questão de equilíbrio natural.

Isso explica muita coisa...
Poesias Caninas II



Na companhia do teu cão

tu nunca estarás sozinho.

Não te exigirá nada, não.

Apenas com um olhar pidão

te suplicará carinho.
Legal! Meu "blogui" tá aparecendo de novo no Google!
E as guerras continuam.

Lá no Iraque e no nosso dia-a-dia.

Lá, por petróleo e poder;

aqui, por dignidade e o que comer.

Espero que tenham fim, um dia,

e que esse dia não demore a acontecer.
O Tamagochi me cobrou: "Não faz mal, o meu farol não tem freio..."

O problema é que eu não me lembro claramente do fato. Você sabe que eu nunca bebo mais do que três cervejas pois a partir da quarta eu já não sou mais eu e muito menos respondo pelos atos do meu alter ego. Logo, quem disse isso não fui eu (será que eu convenci?).

Tamagochi, tô preocupado com o meu CD...

sábado, 5 de abril de 2003

Fui a Novo Hamburgo abastecer o Possante no Carrefour (paguei com ticket, é claro) e adivinhe quem encontro lá: Brahma a R$ 0,75 a latinha. Foi mais forte do que eu! Trouxe três caixas e de quebra comprei também um ótimo CD do Belchior (R$ 13,00) que estou escutando neste momento. Já botei pra gelar! (a cerveja, não o CD.)
Poesias Caninas I



Meu cachorro, quando eu chego,

acoa bem diferente.

Às vezes late bom-dia,

às vezes, seja bem-vindo,

às vezes parece gente.



Da série Poesias Caninas. Simples e sem frescuras, como um cão vira-latas. Outras virão.
Pô, cara! Não sei o que há. Ontem o meu "blogui" aparecia no Google, hoje não aparece mais! Que merda!
Dicas:

- Comece com A Metamorfose seguida de Carta ao Pai.

- Deixe por último O Processo e O Castelo, nessa ordem.

- Procure as edições da Cia das Letras com traduçao de Modesto Carone (traduzido direto do original em alemão).

- Leia Os Leopardos de Kafka, de Moacir Scliar.

sexta-feira, 4 de abril de 2003

Quero falar hoje de Franz Kafka. Na minha modesta opinião, o maior romancista do século XX. Há quatro anos atrás fiz uma das aquisições mais felizes da minha vida: A Metamorfose. Novela do escritor tcheco que se tornou a sua obra mais popular, sendo a minha preferida. Achei fantástico o modo claro e limpo de que se utiliza esse grande mestre da literatura universal em sua obra. Simplesmente devorei o livro. A partir de então comecei a admirá-lo mais a cada obra sua que lia. Hoje possuo todos os livros de Franz Kafka (meu pequeno tesouro) sendo que já li ao menos duas vezes cada um.

Kafka é Kafka e não há nada que se assemelhe. Seu estilo é fantástico. Direto, incisivo e perfeito. Supérfluos não há, salvo os indispensáveis. Um escritor completamente metafórico e surrealista que se apresenta totalmente indigesto para leitores comportados e apegados demais à lógica e à racionalidade. Expectativas que não se desfazem, situações impensadas e inimagináveis, em resumo, uma literatura absolutamente libertária. Essa é a tônica de sua obra. Para ler Kafka é indispensável despir-se de qualquer preconceito (ou pré-conceito) literário e se deixar mergulhar em um universo totalmente novo e absurdo, porém genial. Não espere uma historinha com princípio, meio e fim pois se decepcionará. Não espere regras hipócritas nem romances melosos. Não espere nada, apenas se deixe levar. Talvez você possa se sentir frustrado em algum momento, mas verá que esta frustração se dissipará com as reflexões e questionamentos que você fará a si mesmo sobre o que leu e, aí sim, reconhecerá o valor sublime da obra "kafkiana". As obras inacabadas de Kafka são pontos de interrogação que se perpetuam no tempo dando margem a diversas interpretações acerca das mesmas. Leia e arrepie-se.

quinta-feira, 3 de abril de 2003

Da Contradição



Se te contradisseste e acusam-te... sorri,

Pois nada houve, em realidade.

Teu pensamento é que chegou, por si,

Ao outro pólo da verdade...




Mário Quintana, o poeta da simplicidade. E quanta complexidade há em sua poesia simples! Simplesmente um gênio.
Existe aquele tipo de piada que, de tão ridícula e sem graça, morremos de rir ao ouvi-la. Esta é a minha preferida:



Sujeito entra na padaria e pede:

- Você tem pão redondo?

- O pão redondo acabou, só temos o quadrado, responde o padeiro.

- Ah, pode ser, minha bicicleta é amarela...



Ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha... é realmente hilária! Eu acho espetacular! E o mais interessante de tudo isso é ver a cara de bobo do ouvinte, achando que não entendeu a piada sem saber que não há nada para entender, mesmo!



(será que estou ficando louco??)
Pois é, venci a barreira dos 100. São 106 visitas no exato momento em que escrevo estas mal-traçadas linhas. Pode parecer pouco para os blogueiros de carreira, há mais tempo no mercado, mas estou satisfeito. Alguém leu o que escrevi e, tenha gostado ou odiado, passou a conhecer um pouquinho sobre mim - uma partícula mínima que seja - e sobre o que eu penso. Agora a próxima champanhe espero estourar quando ultrapassar a barreira dos 1000 acessos. Conto com a ajuda de todos, nem que seja para entrar, ler e falar mal, pois pior do que a crítica mais ferrenha é a indiferença. "Falem mal mas falem de mim."



P. S.: A champanhe citada é simbólica, eu odeio champanhe! Só bebo cerveja e vinho, bebidas de macho.
Meus passos



Quantos passos,

sobre-passos,

uns em falso,

outros falsos,

eu já dei?



Esses passos

por que passo

são meus traços,

eu os faço,

caminhei ...

terça-feira, 1 de abril de 2003

1° D E A B R I L ! ! ! ! !



(não podia perder esta oportunidade, he, he, he...)
Bem, agora vocês me dêem licença porque eu não posso perder o Big Brother, um dos maiores e melhores programas já realizados pela televisão brasileira!!
Olhe que legal! Enquanto eu estiver com o meu novo uniforme de trabalho, posso beber porres homéricos que ninguém poderá dizer que eu não estivesse bebendo "socialmente"! Já estou aceitando bem a idéia.
Recebi esta por e-mail, ontem, do meu irmão. Ele disse que é a minha cara. Será?



"Algumas vezes, quando reflito acerca de toda a cerveja que já bebi, me sinto envergonhado. Mas logo vejo além do copo e penso nos rabalhadores da cervejaria, seus sonhos e esperanças. Se eu não bebesse esta cerveja, eles poderiam perder seus empregos e todos os seus sonhos se veriam desfeitos.

Portanto, eu digo: É melhor que eu beba esta cerveja, permitindo que seus sonhos se tornem realidade, do que eu seja egoísta e me preocupe com meu fígado."




Jack Handy

É a minha singela opinião. Respeito os que dela discordam.
Karl Marx, filósofo e economista alemão, lutou bravamente contra a exploração do trabalho pelo capital. Juntamente com Friedrich Engels, escreveu uma das maiores e mais influentes obras político-econômicas do século XIX, O Capital: uma crítica ao capitalismo e à violenta apropriação da mão-de-obra da classe operária, imposta por este regime político, através da mais-valia (quantidade de horas trabalhadas que não retorna ao trabalhador em forma de salário, mas sim em forma de lucro ao capitalista) e a apresentação de uma proposta alternativa de sociedade, o socialismo.

Pois nos dias atuais presenciamos uma paradoxal situação. O trabalhador que outrora lutou contra a exploração da sua mão-de-obra, hoje vive uma busca incessante de algum capitalista que queira lançar mão da sua mais-valia. Ele chegou à lamentável conclusão de que necessita ser explorado para não morrer de fome. Com o advento da informática e da automação industrial, o ser humano tornou-se dispensável no processo produtivo dos tempos modernos. Quando muito, ele representa não mais do que uma peça totalmente descartável em casos de iminente instabilidade econômica. Essa situação é humilhante e degrada o ser humano no que lhe é mais importante para que leve uma vida digna: sua honra.

O grande poeta e compositor Gonzaguinha já dissera em seus versos:



[...] seu sonho é sua vida

e vida é trabalho

e sem o seu trabalho

o homem não tem honra

e sem a sua honra

se morre, se mata [...]



(Guerreiro Menino)



O capitalismo é excludente e concentrador de renda, e não gera nenhuma contrapartida em termos de benefícios à sociedade. O capitalista só pensa em si, seu egoísmo o despe de qualquer escrúpulo a ponto de transformá-lo num monstro capaz de exterminar o seu semelhante para garantir o seu lucro.

Agora já posso escrever novamente.



Veja você! Em questão de minutos, o hoje passou a ser ontem e o amanhã o substituiu.



Acabou a minha cerveja. Sinal de que está na hora de dormir. Ainda mais depois de uma reflexão profunda como essa.