sábado, 31 de maio de 2003

Fosse nos tempos do saudoso vinil, já teria consumido umas duas ou três agulhas ouvindo Los Hermanos. Bloco do Eu Sozinho é ótimo! Chego em casa, ligo o aparelho de som; saio, pego o CD e escuto no carro. Quanto mais eu escuto, mais eu gosto! Não raro, me pego cantando baixinho algumas das canções do disco. O Ministério da Saúde deveria tornar obrigatória a colocação de uma tarja preta na capa do CD, advertindo que o mesmo pode causar dependência. Viciosinho gostoso esse, hein?
Escrever bem é uma arte. E, ao contrário do que muitos imaginam, a arte não resulta apenas de um dom (i)nato, mas também de muita transpiração conjuntamente à inspiração para, daí sim, cada um definir o seu próprio estilo. Escrever é fácil. Difícil mesmo é escrever com estilo (hei de um dia encontrar o meu...). Mas o que vem a ser estilo? Escrever com estilo, o que é? Termo este que já virou lugar-comum, frase-feita, bengala de escora para os pseudoletrados impressionarem sua platéia inculta.

Pois encontrei, nas palavras de Otto Maria Carpeaux (crítico e ensaísta austríaco, naturalizado brasileiro), a perfeita definição de estilo, no que tange à literatura. Observem:

"...estilo: escolha de palavras, escolha de construções sintáticas, escolha de ritmo dos fatos, escolha dos próprios fatos para conseguir uma composição perfeitamente pessoal (...) Estilo é a escolha entre o que deve ficar na página escrita e o que deve ser omitido; entre o que deve perecer e o que deve sobreviver."

Achei fantástica a definição. Salta-nos aos olhos de forma evidente, após ler tal definição, a infinita possibilidade de dizer a mesma coisa com palavras diferentes; com estilos diferentes. E é neste sutil detalhe que muitos perecem, poucos crescem e pouquíssimos se agigantam.

Tendo em mente o que é estilo, vou à cata do meu. Espero crescer, não a ponto de agigantar-me - minha pretensão não chega a tanto -, mas o bastante para não perecer. Talvez o meu estilo seja a total ausência de estilo, sei lá... Dia desses eu descubro e lhes conto.

sexta-feira, 30 de maio de 2003

Agora vou tomar o meu Pinot que eu pus na geladeira para gelar. Deve estar no ponto!
Quanto aos novos links:

Blog de Notas: blog do meu grande amigo Douglas Backes (filho de outro grande amigo, Paulo Backes, o The Backes on the table). Um dos melhores blogs que eu conheço. Muito humor, críticas inteligentes e opiniões acerca dos mais diversos assuntos que se possa imaginar. Texto de irrepreensível qualidade. Recomendo!

Caros Amigos: site da melhor revista do país. Os mais qualificados colunistas, cronistas, jornalistas e escritores do Brasil escrevem mensalmente em suas páginas. A intelectualidade de esquerda em peso em uma única publicação. É a única revista que tem a ousadia de mostrar o que nenhum outro meio de comunicação do país mostra: a verdade nua e crua, sem ser tendenciosa nem demagógica.

Chico Buarque: site do maior nome da MPB de todos os tempos. Chico é Chico, simplesmente. Se eu falar mais, estraga.

Banrisul: o banco em que eu trabalho! É o meu ganha pão, não poderia deixar de homenageá-lo da forma que me é possível. E também porque é uma página que eu visito diariamente para evitar de entrar no especial.
Vejam a opinião de quem, inegavelmente, conhece bem o assunto:



ESCRITA ATEMPORAL (Jorge Luís Borges, escritor e poeta argentino)



Conheci a obra de Franz Kafka em 1917 e agora confesso que fui indigno da obra de Franz Kafka. Eu o li em uma revista expressionista, profissionalmente moderna, que havia se consagrado a inventar a falta de pontuação; a falta de rimas, a falta de maiúsculas e o abuso de metáforas simuladas e aparatosas palavras compostas próprias dos jovens desse tempo e talvez dos jovens de todos os tempos. Entre esse estalido impresso, figurava um apólogo, contraposto à corrente, que levava a assistência de Franz Kafka e que considerei inexplicavelmente insípido. Recordo que li uma fábula sua, escrita de maneira simples, e me apareceu incompreensível sua publicação. Passei frente à revelação e não a percebi. Também devo confessar que aderia plenamente a este estilo barroco e que buscava imitá-lo. Mais tarde seus livros chegaram às minhas mãos é então me dei conta da minha insensibilidade e do meu erro imperdoável.



A grandeza de Kafka é evidente e seu gênio indiscutível. É o escritor menos controvertido deste século e talvez o primeiro, ainda que em nada, ou quase nada, se pareça a este século. A leitura de outros escritores nos leva a pensar na época em que escreveram. Se tomamos o caso de Shakespeare, temos que pensar continuamente que escreveu para o palco e não para a leitura; temos que pensar na política, na decadência da Espanha, da Armada Invencível. Se tomamos o caso de Dante, não podemos esquecer sua teologia nem seu amor por Virgílio. Se tomamos o caso de Walt Whitman, não podemos prescindir do sonho da democracia que professava. Tampouco podemos ler Hugo sem nos afastarmos da história da França. Kafka é uma exceção a essa regra tão comum na história da literatura. É um escritor a quem podemos ler atemporalmente. Kafka nasceu em Praga, é de origem judia, é boêmio, mas não se sente tchecoslovaco. Vive e sofre as conseqüências da Primeira Guerra Mundial, mas nada disso se reflete em sua obra. Seu trabalho poderia ser definido como uma parábola ou uma série de parábolas, cujo tema central é a relação moral do indivíduo com a divindade e com o universo. Kafka via sua obra como um ato de fé e não buscava através dela desalentar os homens.



Surgiu e morreu como um clássico no que se refere ao formal. Quanto ao conteúdo, recordo que meu amigo, o poeta Carlos Mastronardi, me disse uma vez que no final das contas Kafka não havia feito outra coisa a não ser renovar o paradoxo de Zenão de Eléia: uma flecha não pode chegar a sua meta porque antes tem que passar por um ponto intermediário, antes por outro ponto intermediário, e assim sucessivamente temos um número infinito de pontos onde a flecha em cada momento está imóvel no ar, e somando imobilidades não se chega nunca ao movimento. Curiosamente, descobri depois uma versão chinesa desse mesmo paradoxo. Está no livro de Chuang Tzu e é a história dos reis de Ian. Supõe-se que cada rei, ao morrer, rompe o cetro e entrega a metade restante a seu sucessor; o sucessor faz o mesmo e por isso a dinastia é infinita. No caso de Kafka, podemos pensar que um de seus temas é a infinita postergação. Essa postergação está sentida de um modo patético, e nisso radica a suprema novidade de Kafka, tomar esse tema que antes havia sido um tema das matemáticas e levá-lo a uma expressão da vida.



Um remoto imperador, infinitamente remoto no tempo e no espaço, faz com que infinitas gerações levantem um muro infinito que dê a volta em seu império infinito para deter o curso de exércitos infinitamente distantes. Como Virgílio, que a ponto de morrer encarregou seus amigos de reduzir a cinzas o manuscrito inconcluso da Eneida, Franz Kafka encomendou a Max Brod a destruição dos romances e narrativas que asseguravam sua fama. A afinidade destes ilustres episódios é, se não me engano, ilusória. O delicado Virgílio não podia ignorar que contava com a piedosa desobediência de seus amigos: o obsessivo Kafka, com a de Brod. No mais, o autor que realmente deseja a desaparição de sua obra não encomenda essa tarefa a outro. Sem dúvida Virgílio e Kafka não desejavam profundamente a destruição de seus escritos: só queriam desligar-se da responsabilidade que uma obra sempre nos impõe. Kafka, como Chesterton, teria preferido a redação de páginas felizes, mas sua fidelidade não condescendeu em escrevê-las. 1883-1924. Estas duas datas delimitam a vida de Franz Kafka. Ninguém pode ignorar que ele foi marcado por importantes acontecimentos históricos: a Primeira Guerra mundial, a invasão da Bélgica, as derrotas e as vitórias, o bloqueio dos impérios centrais pela frota britânica, os anos de fome, a revolução russa, que foi portadora de uma generosa esperança e que é hoje o imperialismo, o degelo, o tratado de Brest-Litoskv e o tratado de Versailles que engendrou a Segunda Guerra Mundial.



Ele foi igualmente marcado por uma série de fatos íntimos observados na biografia que Max Brod escreveu: os desentendimentos com o pai, a solidão, os estudos de Direito, as horas no escritório, a profusão de manuscritos, a tuberculose. E também as grandes aventuras barrocas da literatura: o expressionismo alemão, as proezas verbais de Johannes Becher, de William Yeats e de James Joyce.



O destino de Kafka consiste em transformar os acontecimentos e as agonias em fábulas. Narra pesadelos sórdidos em um estilo límpido. E não deixa de ser notável que ele tenha sido leitor das Escrituras e admirador fervoroso de Flaubert, de Goethe e de Swift.



Ele era judeu, mas a palavra judeu, se bem me lembro, não figura em seus escritos - que são intemporais e, desta maneira, eternos.



Kafka é o maior escritor clássico deste tumultuado e estranho século.

quinta-feira, 29 de maio de 2003

Depois de muito penar* sobre templates e mais templates, consegui - embora de forma precária - disponibilizar os arquivos do meu antigo "blogui". Quem quiser (re)ler os escritos deste humilde blogueiro - dá época do bionicao.blogspot - é só acessar os Archives (ali em cima) e, no ARQUIVÃO DO BIONICÃO!!, escolher por data. Boa leitura.

*Além de não saber absolutamente nada de inglês, sou totalmente analfabeto em HTML. Foi na base da mais pura intuição que alcancei este resultado que, a despeito da imperícia do "webmaster", me pareceu satisfatório. Mas deu trabalho! Ufa!
Os pobres não nos vêem com bons-olhos, pois acreditam que somos ricos; os ricos nos tratam com desdém, pois sabem que somos pobres.

O que somos, então?

Bancários!

Nem mais, nem menos.

Vivemos rodeados de dinheiro e morremos reclamando a sua falta.

Dinheiro para nós não é sinônimo de prazer, mas sim de trabalho.

Incrível, o dinheiro nos dá trabalho! Quanto mais dinheiro na nossa vida, mais trabalho.

Quanto mais dinheiro no nosso trabalho, menos vida.

E mais se agrava aquela companheira fiel de todo o bom bancário: a úlcera nervosa (que forma par perfeito com o stress - que quando crescer quer ser depressão).

É por isso que eu abomino dinheiro, só uso o Banricompras e o talão de cheques (e os tickets, claro).

E o contra-cheque, óóó...

quarta-feira, 28 de maio de 2003

Pois é. Mudei de endereço. Não havia mais como permanecer no Blogger.com, tamanha era a dificuldade que os ledores estavam tendo para acessar o "blogui" nos últimos dias. A página raramente carregava por completo. E quando carregava, demorava tanto que seria humanamente impossível esperar aquela eternidade de tempo, até mesmo para o mais perseverante dos internautas.

Pensei: ...assim não dá, Bionicão!!

E migrei para o Blogger.com.br (da globO, fazer o quê?). Agora, ao menos, posso postar imagens, coisa que anteriormente eu não conseguia. Sem mencionar (mas já mencionando) a velocidade com que a página está abrindo.

Quanto ao novo layout, acho que ficou mais limpo e a leitura se tornou mais leve e mais fácil, conseqüentemente, mais agradável. Eu acho. Sem frescuras nem poluição visual. Afinal, a embalagem não faz o conteúdo, mas sim este faz aquela. Eu gostei, espero que gostem também. Apenas lamento a perda dos meus posts antigos. Para visualizá-los, somente através do antigo endereço. No mais, tudo certinho no vidrinho!

Publiquei de novo alguns posts, os mais recentes, só para não largar do zero. Muitos já os leram, mas não quero perder a oportunidade de disponibilizá-los aos meus ledores esporádicos, aqueles de fim-de-semana, sabe?

segunda-feira, 26 de maio de 2003

Fomos à Boa esperança, sábado à tarde. O Tamagochi, o The Backes on the table, o Áureo (filho do Tamagochi) e eu. O Finger finalmente abriu suas pipas, para a alegria de todos nós. Sempre sai uma provinha no local e lá vai aquela turma de bêbados conhecidos experimentar todas as qualidades de vinho que havia (tínhamos de provar para podermos escolher o que levar, né!). Sem falar nos queijos, pães caseiros e salamitos que nos eram gentilmente servidos para acompanhar aquele delicioso vinho! Fomos muito bem recebidos, como sempre, e muitíssimo bem tratados (com toda aquela fartura de comes e, pricipalmente, bebes, não poderia ser diferente). Trouxe dois garrafões do Pinot sem casca – o meu preferido – e a certeza de que voltaremos lá muitas outras vezes.

Como podem ver, matei aula de novo! Mas foi por uma boa causa: esqueci de trocar a água dos potes do Petro e da Mariola, meus cães de raça (indefinida). É ou não é motivo de força maior?
Em tempo, quero corrigir um equívoco de cometido a três posts atrás. A gravadora que exigiu a gravação de Anna Pulha no primeiro CD dos Hermanos, e através da qual a banda gravou os seus dois primeiros álbuns, não foi a Sony, mas sim a Abril. Ventura, o mais recente trabalho de Los Hermanos, saiu pela BMG.

domingo, 25 de maio de 2003

"De médico e louco, todos temos um pouco". De médico, nem tanto (estaríamos mais para farmacêutico ou enfermeiro, né?), mas de louco, com certeza, todos nós temos um bom bocado. Realmente, "de perto ninguém é normal" (conheça a fundo uma pessoa e descubra o seu lado "anormal"), e acho que essa suposta loucura de que falo faz parte da normalidade de todo ser humano. Cada um de nós possui as suas peculiaridades e particularidades de comportamento que, aos olhos de outra pessoa, podem parecer estranhas e esquisitas. Um pouco por não entendê-las – já que não lhes dizem respeito – e um pouco por ter também esta outra pessoa os seus pormenores de comportamento, o seu modo de ver as coisas, diversos dos nossos. "Cada um, cada qual", eu sempre digo. Anormal é aparentar permanentemente uma falsa imagem de sobriedade e lucidez. Alguém assim, ou é louco – patologicamente falando – , ou profundamente infeliz. Desconfiem deste cara, ele pode ser perigoso! A loucura e a felicidade são irmãs siamesas. Parafraseando o grande intérprete da MPB, Ney Matogrosso, na linda canção Balada do Louco: "Louco é quem me diz que não é feliz. Eu sou feliz".
Questões acerca do "bom-dia".



Por que, invariavelmente, consideramos uma gafe quando damos bom-dia à tarde ou à noite e, rapidamente, ao nos darmos conta, corrigimo-nos para não pensarem que ainda não almoçamos? O bom-dia não é propriedade exclusiva do período matutino do dia.



Quando digo "bom-dia", posso estar querendo desejar que o dia inteiro do meu interlocutor seja agradável, seja bom. Afinal, o dia tem 24 horas, não? Se eu, à tarde, lhe desejar boa-tarde, estou me privando de agir como um verdadeiro cavalheiro, quando poderia desejar-lhe não apenas uma tarde boa, mas o dia todo. BOM-DIA!



E se encontrarmos um amigo lá pelas altas horas da madrugada? Diremos "boa-madrugada"? Ou, pelo fato de estar escuro ainda, lhe desejaremos boa-noite? Digamos logo "bom-dia"! Não soará tão estranho pois a madrugada, de certa forma, faz parte da manhã. Mas não nos furtemos a desejar um sincero bom-dia a alguém apenas por não estarmos no período compreendido entre 6h da manhã e meio-dia.



Portanto, neste exato momento, estando eu já almoçado, desejo-lhes um sincero e franco BOM-DIA!



P. S.: Dizem que quando alguém lhe dá bom-dia à tarde, é porque ele quer que lhe paguem o almoço, mas daí já é sacanagem, né? He, he, he...

sexta-feira, 23 de maio de 2003

Bem que o Douglas me dizia e insistia (felizmente, para mim) na qualidade de Los Hermanos. Mas eu, na minha ignorância (não por ser ignorante, mas por desconhecê-los) não podia admitir que uma banda que estourou no país inteiro cantando Anna Pulha pudesse, em algum momento, produzir música "audível", pelo menos. Mas a fonte era respeitável, então eu tinha de ser menos inflexível e, no mínimo, dar um crédito ao amigo. Na minha infinita resistência, resolvi ceder. Teimosia em excesso é burrice, né? Pedi ao Douglas que me enviasse um (ou uma? Mp3 é homem ou mulher? Sei lá...) Mp3 qualquer dos Hermanos por "emeiu". Veja bem meu bem, foi a feliz escolha do amigo para apresentar-me à referida banda. Sensacional! Desconfiado como todo bom escorpiano, pensei: deve ser a exceção. Não consigo conceber que alguém que cantou Anna Pulha, salvo contra a sua vontade (música ruim quando entra na cabeça não sai mais), possa produzir um repertório de boas canções. Impossível.



Pois no sábado passado, na TVE, no excelente programa Bem Brasil, a atração (ao vivo, com platéia e tudo) era Los Hermanos. Agora eu desmascaro os caras!, pensei. E tem outra: se eles cantarem a Anna Pulha, eu desligo a TV! Felizmente eu me enganei. Os caras são ótimos. Som de primeiríssima qualidade, diferente de tudo que eu já vi e ouvi. Arranjos surpreendentes. Melodias de uma complexidade incrível. Letras bem elaboradas. Uma mistura de sons e instrumentos que, em princípio, pareciam incompatíveis, tamanho antagonismo representavam uns aos outros. E acho que aí está o segredo: romper paradigmas, ir de encontro para, assim, ir ao encontro do bom-gosto e da qualidade. Detalhe do show (é o detalhe que faz a diferença): a banda não tocou Anna Pulha e tampouco os fãs a reclamaram. Isso prova que quem gosta de Los Hermanos já esqueceu aquele antigo vacilo que já foi há muito superado pela qualidade das composições de agora. Esse decisivo detalhe redimiu por completo a excelente banda perante este chato que vos fala. Valeu a dica, Douglas. Agora sou fã.



Ah! O Douglas me disse hoje, quando foi me entregar o CD que eu lhe pedi que gravasse pra mim (Bloco do Eu Sozinho – Los Hermanos, da False Fix Records), que a gravação de Anna Pulha, no primeiro álbum da banda, foi exigência da gravadora (na época, a Sony), por ser uma canção popular e altamente vendável. Não justifica, mas explica. A música comercial é lixo, mas vende - infelizmente. Por sorte, e por talento, a mácula se dissipou e não deixou resquício algum. Esqueçam Anna Pulha, eu já esqueci. O que eu estava dizendo, mesmo???



P. S.: gravadoras mercenárias, eu compro CD pirata!

quinta-feira, 22 de maio de 2003

Divergente



Insistes em me dizer como fazer,

como agir, como bem conduzir minha vida.

Insistes que esta mesma deva ser

como a tua, ou, ao menos, parecida.



Não aceitas o discordante, mas podes crer,

quem, em suma, sabe de mim sou eu.

Assim mesmo teimas em me submeter

a um padrão de valores que é só teu.



Se revelaram-te a fórmula da felicidade,

guarda pra ti, pois é outra a minha receita,

bem diversa da tua superficialidade.



Não te irrites por eu ser assim, divergente,

não te consumas, apenas olha e aceita

que fugir do lugar-comum nos faz mais gente.

terça-feira, 20 de maio de 2003

Meu primeiro contato com a fantástica obra de Dostoiévski aconteceu quando, ao revirar uma antiga coleção de livros da minha vó, denominada Os Titãs (era composta por vários volumes: Titãs da Literatura, Titãs da Música, etc.), encontrei, no volume Titãs da Literatura, uma pequena biografia do grande escritor russo acompanhada de um conto de sua autoria, cujo título era Noites Brancas (o título faz referência às noites enluaradas de São Petesburgo que, devido a sua claridade intensa, são assim chamadas pelos russos). Já ouvira falar muito bem do referido escritor e, curioso, resolvi tirar a prova lendo o conto que, a princípio, confesso, não me despertou uma atração imediata. Li, reli, emocionei-me e quase chorei! É, sem dúvida alguma, o mais belo conto que eu tive o prazer de ler. Dostoiévski me fora, então, apresentado e sua pessoa foi magnificamente bem aceita em minha vida. Noites Brancas revela em Dostoiévski um escritor genial e com uma sensibilidade monstruosa. Uma sensibilidade que se manifesta de forma agressiva, tal é a intensidade que nos toca a sua obra, mexendo com o que temos de mais íntimo e oculto (até para nós mesmos). Este maravilhoso conto foi, para mim, a porta de entrada ao mundo de Fiodor Dostoiévski, o maior escritor russo de todos os tempos, quiçá um dos maiores que já existiram em todo o mundo.



Quem quiser ler esse espetacular conto e comprovar o que eu disse, pode fazer o download gratuito (em formato e-book) AQUI. Alerto a todos: vale a pena!
Desculpa pra vagabundo matar aula é o que não falta! E que talento! Quase dá pra acreditar. He, he, he...
Raramente (muito raramente, mesmo!) assisto ao segundo período das aulas de Custos II, na segunda-feira. Esta é a minha singela forma de protesto por serem essas aulas, após o intervalo – que eu às vezes ainda chamo de recreio – , uma completa matação. Então eu – aluno sério e aplicado, que acha que as aulas deveriam se prolongar até, no mínimo, às 22h30min para serem bem aproveitadas – manifesto, através desta atitude aparentemente rebelde e inconseqüente, todo o meu repúdio a essa situação tão constrangedora para aqueles que querem aprender (entre os quais eu não me incluo, mas como sou um cara muito solidário...). E quero deixar claro que, se houvesse mais rigor nos horários das aulas e um nível maior de cobrança aos alunos da faculdade, eu não mais mataria o segundo período das aulas de segunda, mas sim mataria a aula toda! He, he, he...
Quarta-feira tem churrasco com a tigrada da CRT. Velhos assuntos vêm à tona. Velhas histórias repetidas e surradas serão contadas novamente para deleite de todos nós, que as vivenciamos. Relembraremos cada poste trepado, cada fio puxado, cada cabrito cobrado, cada secundário trampeado, cada fusível queimado... Muita cerveja, pão com alho (é bom pra gripe, né!), carne gorda e, principalmente, uma amizade que parece não ter fim. Essa turma vale OURO!

segunda-feira, 19 de maio de 2003

Pois é, a inspiração anda escassa ultimamente (ou a minha vida, monótona.). Fazê o quê? Tenho que pensar em algo novo e interessante para presentear os ledores assíduos do meu humilde "blogui" (não são muitos, mas são de fé!). Eles merecem!

sábado, 17 de maio de 2003

A propósito, para os admiradores da nossa língua portuguesa, sugiro um ótimo site (ao meu ver, melhor do que o do prof. Pasquale, que é ótimo também!): Sua Língua, do dr. em letras, professor da UFRGS, Cláudio Moreno. Muuuuito bom, mesmo!!!
O post anterior se refere a uma pequena aposta que o Tamagochi e eu fizemos um dia desses, cujo tema em questão era a nossa riquíssima (por isso, complexa) e bela língua portuguesa.



Diálogo:



EU: A gente veio aqui pra beber ou pra conversar?



TAMAGOCHI (querendo me corrigir): "A gente veio", não; "Nós viemos"!



EU: Uma forma não exclui a outra, Tamagochi! Ambas estão corretas. "A gente" é terceira pessoa do singular, apesar de conter, implicitamente, um sentido de pluralidade. "Nós" é primeira pessoa do plural. Ambos os verbos estão concordando corretamente com o sujeito.



TAMAGOCHI (insistindo!): Tá errado! O certo é "nós viemos".



EU (vendo ali uma ótima oportunidade de tirar vantagem da situação): Vale uma caixa de cervejas?



TAMAGOCHI: Apostado!



EU: De garrafas!!!



TAMAGOCHI: Ok!



EU (pensando): Com esta já são duas. Tô feito!
Aí, Tamagochi! Me deve, com esta, duas caixas de cervejas (de garrafa, hein!). Que tal mais uma apostinha? He, he, he...



A gente somos?



Caro professor Moreno: a expressão "a gente", tão comumente usada hoje em dia, trata-se de um terrível mau uso da língua ou é apenas uma cacofonia (pois dói no ouvido)?. Grato. Rubens José Gualdieri Junior - Campinas (SP).



Meu caro Rubens: mas que maneira de colocar a questão! Do jeito que escreveste, ou matas, ou enforcas! A Retórica alertava para esses falsos dilemas, que não deixam saída para o interlocutor: "tu ainda bates na tua avozinha, ou resolveste agora ter pena da pobre velhinha?". Nota que, seja qual for tua resposta, estarás admitindo uma atitude lamentável contra a terceira idade. "A gente" é um "terrível mau uso" ou "apenas uma cacofonia"? Sentiste a maldade? Acho que em parte é bom, em parte é ruim, Rubens. A força com que "gente" entrou no Português quotidiano parece revelar que temos necessidade de uma forma assim - um impessoal, como o "on" do Francês, para substituir o nós, que é muito mais particularizado. Nota que, do ponto de vista flexional, gente tem a vantagem de usar a 3a. pessoa do singular, a mais simples e menos marcada de todas: "a gente decidiu", "a gente precisa entender", etc. O problema que começa a surgir, no entanto, reside na escolha dos pronomes (pessoais e possessivos) que irão fazer companhia a gente, devido a seu emprego no lugar do nós: "a gente trouxe nossos ingressos", "a gente precisa entender nosso pai" - aí sim, Rubens, exemplo de mau uso (já não sei se "terrível"...). Vamos ver como o sistema vai resolver essa; entender uma língua é, antes de mais nada, observar as tendências naturais que ela decide seguir. Abraço. Prof. Moreno

sexta-feira, 16 de maio de 2003

Uma pequena amostra de Franz Kafka. Um dos meus contos preferidos do escritor tcheco. Leia e releia, interprete mais com a emoção e menos com a razão. Deixe sua imaginação vagar sem rédeas nem destino pelo surrealismo genial de Kafka.



A PONTE



Eu estava rígido e frio, era uma ponte, estendido sobre um abismo. As pontas dos pés cravadas deste lado, do outro as mãos, eu me prendia firme com os dentes na argila quebradiça. As abas do meu casaco flutuavam pelos meus lados. Na profundeza fazia ruído o gelado riacho de trutas. Nenhum turista se perdia naquela altura intransitável, a ponte ainda não estava assinalada nos mapas. – Assim eu não estava estendido e esperava; tinha de esperar. Uma vez erguida, nenhuma ponte pode deixar de ser ponte sem desabar.



Certa vez, era pelo anoitecer – o primeiro, o milésimo, não sei –, meus pensamentos se moviam sempre em confusão e sempre em círculo. Pelo anoitecer no verão, o riacho sussurrava mais escuro – foi então que ouvi o passo de um homem! Vinha em direção a mim, a mim. – Estenda-se, ponte, fique em posição, viga sem corrimão, segure aquele que lhe foi confiado. Compense, sem deixar vestígio, a insegurança dos seu passo, mas se ele oscilar, faça-se conhecer e como um deus da montanha atire-o à terra firme.



Ele veio; com a ponta de ferro da bengala deu umas batidas em mim, depois levantou com ele as abas do meu casaco e as pôs em ordem em cima de mim. Passou a ponta por meu cabelo cerrado e provavelmente olhando com ferocidade em torno deixou-a ficar ali longo tempo. Mas depois – eu estava justamente seguindo-o em sonho por montanha e vale – ele saltou com os dois pés sobre o meio do meu corpo. Estremeci numa dor atroz, sem compreender nada. Quem era? Uma criança? Um sonho? Um salteador de estrada? Um suicida? Um tentador? Um destruidor? E virei-me para vê-lo. – Uma ponte que dá voltas! Eu ainda não tinha me virado e já estava caindo, desabei, já estava rasgado e trespassado pelos cascalhos afiados, que sempre me haviam fitado tão pacificamente da água enfurecida.



FRANZ KAFKA

quinta-feira, 15 de maio de 2003

Amores



Amores que vêm e vão

no fundo amores não são,

são sentimentos diversos:

ternura, carinho, paixão...



Amores que vêm e vão

distraem o coração,

sussurram-nos lindos versos

que depois se vê, eram em vão.



Amores que vêm e ficam

apesar do objeto distante,

esses nem os poetas explicam.



Vivê-los uma vez na vida,

nem que seja por um breve instante,

fará mais serena a partida.

quarta-feira, 14 de maio de 2003

Certa tarde, há muito tempo, realizei uma experiência inusitada, principalmente para uma criança de tão pouca experiência, ainda.



Nas minhas expedições pelo quintal de casa, que na época parecia ter magníficas dimensões, descobri uma singular obra arquitetônica levantada à revelia de todos lá de casa: um cupinzeiro. Fiquei fascinado e a minha curiosidade infantil de então obviamente não me permitiu abandonar a descoberta sem antes procurar afoitamente por um pauzinho qualquer e dar uma escarafunchada no tal cupinzeiro. Que mistérios abrigava aquela intrigante construção? Comecei a furá-la com o pauzinho, sem dó. Aquele castelo imponente, erguido às escondidas, começava a ruir sob as estocadas do meu impiedoso aríete. Meu raciocínio era simples e ingênuo: se eu não destruo a sua casa, vocês comem a minha, pensava eu na minha inocência (criança pensa simples, mas pensa certo!). Foi então que me veio à mente uma sádica idéia. A idéia de fazer uma experiência fantástica com a natureza, que todos afirmavam ser sábia.



Sem hesitar, saí à cata de um formigueiro. Tinha de haver um por perto! Fui arrebatado por uma empolgação sem limites e experimentava uma sensação estranha de onipotência, de ser Deus e brincar com a vida e a morte alheia. Encontrei, finalmente! Com uma pazinha plástica, daquelas de praia, juntei cuidadosamente um bom punhado de formigueiro e, adivinhem!, derramei as formigas, de maneira mais homogênea possível, dentro do ninho de cupim. Que prazer inexplicável que eu sentia assistindo, abobalhado, àquela cena dantesca de enfrentamento entre os cupins e as formigas. Estas massacraram aqueles e o meu time venceu. Foi extraordinário! Nesta grande batalha de insetos do meu quintal os cupins não tiveram a mínima chance, não esboçaram reação alguma e foram trucidados pela formigas que, além de trabalhadoras, também revelaram-se grandes guerreiras, concluí.



Esse foi um momento ímpar da minha infância e que marcou profundamente na minha memória. Hoje eu entendo o quanto de lúdico havia naquela brincadeira de descobrir, de experimentar, de se realizar com tão pouco. E como tais momentos na vida de uma criança são importantes para ela crescer e virar um adulto feliz.
Novo Dicionário Aurélio Século XXI: R$ 120,00



...assim não dá, Bionicão!! Tinha sérias intenções de adquiri-lo, mas acho que vou desistir. Como é restrito o acesso à cultura no Brasil, e o maior empecilho é em R$!
A autoria é desconhecida, mas a situação é de uma familiaridade espantosa! Atire a primeira garrafa quem nunca protagonizou cena semelhante.



RESSACA



Acordo, ou melhor, sou retirado de um turbilhão confuso de pensamentos e lembranças que precisariam de mais umas quatro horas para que fossem chamados de sono, pelo blá blá blá longínquo de um locutor de rádio que saía do rádio-relógio mal sintonizado. Entre isto e acordar há um abismo de diferença. Sento na cama. Imediatamente o quarto dá uma volta completa em torno do que restou do meu fígado e eu lembro que estou de ressaca.



O giro do quarto somado à sensação de que estou vestindo uma meia de algodão na língua estimulam o meu primeiro pensamento lúcido do dia, e talvez um dos únicos: puta-que-pariu. Depois de deitar e levantar umas 10 vezes, em uma dúvida cruel entre pedir demissão para dormir mais um pouco e chegar até o chuveiro para salvar o meu (péssimo) emprego, decido manter-me no mercado de trabalho e vou cambaleando até o banheiro. Faço uma parada no corredor e tomo 750 ml de água no bico da garrafa térmica. Os 250 ml restantes escorrem pelos cantos da boca molhando a minha camiseta "Jânio Quadros Prefeito 85".



Chego até o espelho do banheiro, vejo o meu reflexo com um misto de pena e uma expressão do tipo depois-eu-converso-com-você-mocinho. Dou aquela checada no pânceps, aquele músculo logo abaixo do abdômen, mas nem me dou o trabalho de encolhê-lo. Preguiçosamente começo a esccovar os dentes. A secura da desidratação alcoólica molhada pela água há pouco ingerida formaram uma gosma espessa de cuspe que em contato com a pasta de dentes começa a produzir uma quantidade inominável de espuma na minha boca. Depois de quase engasgar, entro no chuveiro determinado a tomar um banho gelado. Mas ainda não foi desta vez. Eu tenho alguns pensamentos recorrentes quando estou de ressaca, como a obrigação auto-impingida de tomar um banho frio, parar de fumar pelas próximas três semanas, e outras mais comuns. É claro que, como toda promessa de ressaca, no dia seguinte você está fazendo tudo de novo. Mas uma coisa que eu nunca consegui foi tomar banho gelado para curar bebedeira. Claro que não estou contando aquele banho de roupa que sua mãe (ou avó, ou tia, ou namorada, ou irmão) te deu quando você tomou o primeiro fogo. Ah! O primeiro porre! Este passaporte de entrada para um universo que começa em euforia, termina em arrependimento e tem uma complicada contabilidade de horas de sono no meio. Este universo com o qual você vai conviver durante toda a sua vida adulta, só saindo dele através de um SIM proferido em uma igreja, templo, mesquita, ou qualquer que seja o foro apropriado da sua religião. E olhe lá! Este universo que você só vai perceber quando for tarde demais, consome todo aquele dinheiro do plano de previdência privada que você nunca fez, apesar das constantes investidas da sua gerente do banco. O universo do macho solteiro.



Quando volto a mim, ainda estou debaixo do chuveiro com os olhos fixos em nada, divagando sobre estas e mais uma porção de outras bobagens. Recomeço função mecânica matinal, um tanto prejudicada por um conflito inequívoco de hardware. Ao lavar os olhos, só consigo deixá-los mais vermelhos, já que com tão poucas horas de sono o corpo nem deu tempo de produzir remela (ou ramela, eu nunca sei) suficiente. Em compensação o nariz trabalha incessantemente produzindo cacas enormes, escuras e malcheirosas que dão um prazer imenso de tirar, produzir bolinhas, e dispô-las com um peteleco. Não me recrimine, o banheiro serve para essas coisas. Feio é fazer no trânsito...



No meio do banho, eu olho para ele. Ele quem? Ele, oras. O seu companheiro que neste momento está encolhido, ensopado, sujo e mal-humorado (sim, ele tem humor!). E aí você começa a lembrar da noite anterior. E aí começam os seus problemas. A coreografia de "Ganso do Sargentelli" que você fez para as amigas da sua prima. Aquela hora que você acreditou piamente que era o cara mais bonito do lugar e ficou trocando olhares com todas as mulheres, você, de sedução, elas, de desprezo ou piedade. Aquele beijo que você tentou arrancar a força da garota mais feia do lugar, e não conseguiu. E finalmente, aquele momento em que você se tornou milionário, pediu uma garrafa de Taittinger para brincar de pódio de Fórmula 1 (cantando tã tã tã!) e encerrou a noite deixando o restante do seu salário em um prostíbulo de luxo, não sem antes tentar sexo gratuito com todas as "amigas" da casa (afinal de contas você ainda era o cara mais tesudo da cidade).



Daí para frente, só o que você vai sentir ao longo do dia são pequenas dores morais e físicas, causadas pela noite anterior. A taquicardia provocada pela quantidade paquidérmica de energéticos que você ingeriu, o telefonema da sua gerente do banco dizendo que só aumenta o seu já estourado limite se você fizer o tal do plano de previdência, uma vontade incrível de ir ao banheiro para um número 2 que você segura porque não há bidê no escritório e você também não quer interditar o toalete, e o maço de cigarros todo úmido e amassado que você insiste em manter no bolso mesmo que jure para si mesmo que vai parar de fumar até que, depois de fingir que trabalhava o dia inteiro, chega o final do expediente, toca o telefone e você ouve aquela voz familiar:



Faaaaala ! Onde é a balada hoje?

segunda-feira, 12 de maio de 2003

Ontem à noite, no 10 (ou na Band, como queiram), assisti a uma entrevista fantástica da senadora Heloísa Helena, do PT de Alagoas. Não a conhecia ainda, a não ser de ouvir falar em noticiários e manchetes de jornal, sempre envolvida na polêmica divergência entre a ala governista, que apóia o presidente Lula e suas reformas, e a ala "radical", que é contra as reformas nos moldes em que foram propostas pelo executivo. Suas respostas às indagações dos entrevistadores foram contagiantes, embasadas em argumentos sólidos, e demonstraram um grande conhecimento de causa - detalhe que me saltava aos olhos. Longe daquele tipo de crítica apenas por criticar, sua crítica construtiva nos faz ver o grande equívoco das intenções de Lula e seu ministério, e aponta o caminho certo a ser trilhado. Virei fã da professora.



Por causa desta coragem e clarividência, e também por lutar por uma ideologia que o Partido dos Trabalhadores historicamente defendeu, a senadora, juntamente com os deputados federais João Babá e Luciana Genro, corre o risco de ser expulsa do partido. Que absurdo! Se existe alguém hoje que representa o PT com grande propriedade, honrando a história e a essência do partido, são os acima mencionados. A atitude estranha a todo este enredo, não condizente com os princípios do maior partido de esquerda do Brasil, é a do Exmo. Sr. Presidente da República e seus comparsas, que estão dando continuidade ao império "feagaceano" e, pior, estão indo muito além do que conseguiu ir FHC e sua trupe. Suas atitudes são incrivelmente contraditórias e incoerentes, haja vista a sua história de lutas pela classe trabalhadora e pelo fim dos privilégios que o capital detém às custas do social. Quem poderia esperar tal engodo?



Chamou-me especial atenção a argumentação da senadora alagoana em defesa do funcionalismo público, uma das principais vítimas dos projetos de Lula e cia. Com muita clareza e didática típica de uma boa professora, a senadora explicou que defendia os funcionários públicos porque são eles, em resumo, que proporcionam ao "trabalhador pobre" (termo utilizado com freqüência para se referir ao assalariado da iniciativa privada) o acesso aos serviços gratuitos e indispensáveis à sociedade. Senão, vejamos:



Segurança: para o pobre, segurança é a Brigada Militar. Bem ou mal, essa categoria de funcionários públicos é a principal responsável pelo bem-estar da sociedade. Priorizando a polícia militar, que é gratuita, reduziremos a necessidade de segurança privada, que é paga e é para poucos.



Saúde: para o pobre, saúde é o SUS. Representa a única forma de acesso do "trabalhador pobre" aos serviços de saúde, que são altamente prioritários em uma sociedade que se queira civilizada. O rico, é claro, não vê com bons-olhos os gastos governamentais com saúde pública, pois não necessita dela. Se precisar de atendimento médico, lança mão de seu plano de saúde privada.



Educação: para o pobre, educação é a rede pública de ensino. Professores não valorizados não geram cidadãos no sentido pleno do termo. A educação pública, representada pelos professores, deveria ser a grande prioridade de qualquer nação que queira se desenvolver e oferecer condições dignas de vida ao seu povo. Entregar essa responsabilidade à iniciativa privada é, no mínimo, um ato de irresponsabilidade, para não dizer, de irracionalidade. Misturar a formação de consciências com lucro é uma insanidade brutal.



Em síntese: o que é gratuito, é público. A iniciativa privada entra em cena justamente onde o serviço público é deficiente, mas com uma diferença: ela cobra, e bem. Se o serviço público é aceitável, dispensa-se a onerosa participação privada. E o funcionário público é a ferramenta que disponibiliza o acesso a todos esses serviços indispensáveis, entre muitos outros que não foram aqui citados. Por isso a sua valorização é tão importante.



A senadora Heloísa Helena está defendendo o povo brasileiro que trabalha, que luta e que sofre. Deste mesmo povo surgiu Lula, com sua esperança infinita e alentadora. Povo que acreditou e lutou junto com o ex-metalúrgico. E que tinha tanta esperança que nem mesmo o medo que porventura surgisse conseguiria abalar. A esperança venceu o medo, mas a realidade que está se mostrando parece que vai vencer a esperança. Será?



Heloísa Helena, João Babá, Luciana Genro, entre outros tantos que não fazem vista-grossa às evidências e têm o mínimo de consideração pela luta da classe trabalhadora, PARABÉNS! Esta luta, com certeza, não será em vão, pois esta postura elevada diante da realidade que se mostra está nos dando uma aula de coerência e, acima de tudo, de respeito pelo povo.

domingo, 11 de maio de 2003

Vira-e-mexe, sabe-se lá por que cargas d'água, somem alguns posts antigos dos meus arquivos. Hoje tive de republicar vários posts que haviam simplesmente desaparecido do "blogui". Agora está tudo OK. Pensaram que se livrariam tão facilmente dos meus devaneios, né? He, he, he...
Cálculo Errado



Se tu te vendeste, foi caro

Pois não vales nada, meu caro

Se tal atitude tomaste



Recebeste mais do que valia

Pouco importando a quantia

Que na negociata acertaste



O mínimo, diante do nada

É fortuna não calculada

É infinito contraste



A quantia foi satisfatória

Mas essa é outra história

Que muito mal calculaste

Cara, acabei de levantar da cama e estou, neste exato instante, tomando um chazinho de marcela para o estômago. Nem consegui almoçar. É que ontem eu tomei uma cervejada daquelas e, no final da noite, comi um pedaço de pizza. Acho que a pizza não me caiu bem. He, he, he...

sábado, 10 de maio de 2003

A partir de agora, sempre que citar o nome da famigerada TV do sr. Roberto Marinho (eca!) aqui no "blogui", será desta forma: globO. Assim mesmo, com a última letra em maiúsculo e as demais, em minúsculo. Assim, deixo explícito - implicitamente, é claro - que a única coisa de maiúsculo que poderia existir na globO seria o seu FIM.



Obs.: Para aqueles menos afeitos a sutilidades, a letra "O", no final da palavra, simboliza o fim da globO, que seria realmente grandioso. Entenderam? O fim da palavra "globO" é maiúsculo, todo o resto ("resto" no sentido mais pejorativo possível!) é minúsculo. A extinção da referida rede seria algo perfeito.

sexta-feira, 9 de maio de 2003

Agora me dêem licença que vou abrir o meu Pinot lá do Finger!
Às vezes culpamos as pessoas por elas não serem exatamente como queríamos que elas fossem e nos esquecemos de que nós mesmos, muitas vezes, também não somos exatamente como as pessoas gostariam que fôssemos. Isto não significa que um ou outro esteja errado. Significa, apenas, que somos diferentes. A diferença mal compreendida é difícil de ser aceita e, neste caso, torna a nossa vida menos feliz.

quinta-feira, 8 de maio de 2003

"O Brasil não pensa, reza."



vem ao encontro de



"A religião é o ópio do povo."



Nada mais sábio. Em vez de tanto rezarmos e pouco pensarmos, façamos o contrário. Não nos tornemos dependentes do ópio que nos turva a visão e nos embota o pensamento.
Pensando Bem...



... na verdade, penso que

se pudesse escolher,

optaria por morrer

a viver sem te saber;

optaria por não ver

a te ver e não poder;

optaria por não ser

a ser tanto e não te ter;

optaria por não ter

a ter muito e não te ser.
Lembram daquela antiga propaganda (os mais jovens não saberão do que se trata, mas os meus contemporâneos, jovens a mais tempo, certamente lembrarão) dos biscoitos Tostines em que o locutor fazia aquela intrigante pergunta:



- Tostines está sempre fresquinho porque vende mais ou vende mais porque está sempre fresquinho?



Talvez não fossem exatamente essas as palavras usadas, mas o sentido certamente era esse. O comercial nos provocava uma dúvida terrível sobre quem ali seria a causa e quem, a conseqüência. Parecia que ambos eram a causa de ambos e, da mesma forma, conseqüência um do outro, se é que vocês me entendem. Se não, não importa, o importante vem agora.



Pois na revista Caros Amigos, o colunista Mylton Severiano assina uma coluna denominada Enfermaria. Nesse espaço, mensalmente, este médico por formação e jornalista por opção tem a árdua incumbência de nos curar (com sucesso para quem segue suas recomendações e receitas) das doenças causadas pelo vírus da desinformação com doses homeopáticas de crítica inteligente e tratamentos intensivos de informação honesta e de lucidez. E um pequeno espaço na sua coluna é reservado para frases do estilo "Tostines", sempre bem sacadas e altamente bem-humoradas.



Transcrevê-las-ei, a partir de agora, todos os meses aqui no "blogui" (sempre citando a autoria, claro!), pois as considero simplesmente geniais. Pra começo de conversa, aí vão algumas frases “Tostines” de edições anteriores da estupenda Caros Amigos:



"Você ficou rebelde porque sua mãe te reprimia ou sua mãe te reprimia porque você ficou rebelde?"



"Morremos quando o espírito nos abandona ou o espírito nos abandona quando morremos?"



"A Argentina é o país que os brasileiros amam odiar ou o Brasil é o país que os argentinos odeiam amar?"



"Perdemos o humor quando perdemos a paciência ou perdemos a paciência quando perdemos o humor?"



"É preciso cometer um excesso para manter o equilíbrio ou é preciso manter o equilíbrio para cometer um excesso?"



"A propaganda é o negócio da alma ou a alma é a propaganda do negócio ou o negócio é a alma da propaganda ou a propaganda é a alma do negócio ou a alma é o negócio da propaganda ou o negócio é a propaganda da alma?"



Mylton Severiano

quarta-feira, 7 de maio de 2003

Ao contrário da maioria (maioria = todos – eu), eu adoro o inverno. Este friozinho de hoje está especialmente agradável. Quanto mais frio, melhor!!

terça-feira, 6 de maio de 2003

Pérola escutada, um dia, lá em Fazenda Fialho:



"Eu parei de beber por definitivs, só bebo mais é vim!"



Agora, com esse friozinho, sabe que não é uma má idéia!

Certa feita me perguntaram (não vem ao caso quem) se eu copiava de algum lugar o conteúdo do meu "blogui". Na hora, confesso, fiquei até um pouco irritado, mas havia duas maneiras de interpretar o questionamento do cidadão (ou cidadã. Já disse que não vem ao caso!):



1ª interpretação: essa pessoa encontrou alguma qualidade nos meus textos e quis apenas confirmar serem mesmo de minha autoria.



2ª interpretação: essa mesma pessoa acha que sou completamente incapaz de escrever aquilo tudo e, como verificou alguma qualidade nos escritos, imaginou tratar-se da mais deslavada apropriação indébita.



Obviamente, adotei a primeira interpretação por ser a mais sensata (e a mais favorável – meu ego merece, né?) e considerei um grande elogio a pergunta do amigo curioso (ou amiga curiosa. Já disse que não interessa!!).



A bem da verdade, gostaria de deixar claro que eu sou o único culpado por todo o conteúdo do ...assim não dá, Bionicão!!, salvo alguns textos alheios, cuja autoria é sempre citada (e, não raro, estão em itálico), que transcrevo para o "blogui" a título de homenagem a seus autores e enriquecimento do conteúdo da página. No mais, sou o responsável por tudo de bom e de ruim que vocês, caros ledores, estão suportando aqui diariamente. Valeu!



P. S.: Considerando que, como já é sabido, depois da terceira cerveja eu não sou mais eu, acho que seria justo compartilhar a autoria do blog com o meu alter ego que, como vocês podem observar, leva jeito pra coisa. É um blog escrito a quatro mãos (é que quando eu bebo, enxergo tudo em dobro, né!? He, he, he...).

segunda-feira, 5 de maio de 2003

Cara!!! O hífen é extremamente cruel e traiçoeiro. Prometo, a partir de agora, tratá-lo com o maior respeito e seriedade. Não se deve brincar com ele sem que haja uma boa dose de intimidade na relação. Andamos nos estranhando ultimamente, mas acho que agora está tudo bem (espero!).
Tema de casa



Preencha as linhas com as palavras abaixo:



ENXERGAR: enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar, enxergar.



ESPLÊNDIDO: esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido, esplêndido.



(Acho que aprendi, he, he, he...)

domingo, 4 de maio de 2003

Não dá pra acreditar! 50 garrafas de cerveja consumidas por quatro bêbados em uma noite! Na verdade, mais pessoas também beberam, mas o consumo realmente efetivo pode ser atribuído aos referidos pinguços. Agora eu te pergunto: pra onde vai toda essa cerveja? Será que tem espaço? Ou será que sai no mijo? Tenta tomar essa mesma quantia, mas de Coca-cola ou, até mesmo, de água. Duvido que consigas.



Evento: festa de aniversário do Guto e do Chico (tinha mais uma outra pessoa de aniversário também, mas eu não a conhecia e me fugiu o nome agora. Desculpe-me).

Onde: casa da Andréia.

Quando: ontem à noite (e madrugada de hoje adentro).

Pinguços: Bochecha, Rodrigo, Guto e eu.

Dica: um Engov antes e outro depois (eu só tomei antes, mas mesmo assim o resultado foi satisfatório).

Resultado: catingão de alho no bafo e exalando pelos poros.

Conclusão: estou pronto pra outra!

Pois é. Se arrependimento matasse, o planeta seria hoje habitado apenas por bichos e plantas. Todos nós já nos arrependemos de muitas coisas. Nos arrependemos por ação e também por omissão; do que fazemos e do que deixamos de fazer. Dizem que se arrepender de não ter feito algo é a pior modalidade de arrependimento. E eu concordo com essa afirmação. É desesperador você saber que havia a possibilidade de dar certo – embora esta fosse mínima, talvez – e que a sua opção foi pelo único caminho que levava à certeza de que não daria certo, tampouco errado: a omissão. Quando nos arrependemos de ter feito algo errado, resta-nos o consolo de que tentamos algo que poderia dar certo e que, em caso de êxito, seria perfeito. Na tentativa de acertar, corremos o risco de errar, que é inerente à ação, nunca à omissão. Talvez a omissão já seja o próprio erro por completo, livre do risco do acerto. E, sendo assim, é inconcebível o acerto na omissão, salvo aquele tipo de omissão que, dada a sua peculiaridade, acaba por caracterizar uma ação, a de omitir-se. Nesse caso ela pode ser a melhor opção e, conseqüentemente, um acerto.



Estava pensando nos arrependimentos que enfrentei na vida, muitos por ação, alguns por omissão, e concluo que a omissão pode nos trazer, num primeiro momento, um tipo de conforto sem lastro que, logo ali, se esvai. E a contrapartida a isso é o arrependimento de não ter feito nada para evitar tal desfecho. A omissão é um bumerangue, você se livra temporariamente dele e logo ele reaparece, e às vezes com maior velocidade do que antes. Por isso, arrependam-se de ações malfeitas, desastradas e mal-acabadas; é sinal de que estão vivos!



P. S.: Será que eu não vou me arrepender de ter dito isso aí? Azar do goleiro! Disse, está dito! Se preciso for, desdigo tudo que disse.

sábado, 3 de maio de 2003

Sei?



Às vezes creio que sei

No fundo sei que não sei

Me engano pensando que sei

Te engano dizendo que sei

Me encontro ao saber que não sei

Me encanto ao não saber que sei

Em prantos ao não saber se sei

sexta-feira, 2 de maio de 2003

Existe um certo tipo de pessoa que possui um talento nato para constranger e desagradar aos outros. Daquele tipo "Perco o amigo mas não perco a piada!", sabe? Acho que todos nós conhecemos alguém assim. Eles estão em todos os lugares, nos mais variados ambientes, esperando o momento certo, a abertura de uma brecha, para fazer a sua colocação destruidora que, de tão baixo nível, acaba constrangendo não só a vítima da agressão, mas também todos os presentes.



Sinceramente, eu não consigo imaginar o que leva uma pessoa a agir dessa maneira, disparando agressões gratuitas somente para se promover. Será que o prazer que ela sente ao humilhar aqueles que fazem parte de seu convívio é tão grande a ponto de não dar a mínima importância aos sentimentos alheios, pisando e tripudiando até mesmo os mais humildes? Pessoas humildes também têm orgulho, sabiam? Ou será que, na sua ignorância, este ser insensível cogita que, com seu espetáculo grotesco, rebaixando as pessoas a coadjuvantes de seu filme pastelão, será admirado e visto como alguém superior, um gênio da retórica?



Essas criaturas arrogantes são pessoas pobres de espírito e que acabam por impor medo a todos que as rodeiam. Todos, sem exceção, são alvos em potencial de suas brincadeiras sádicas e sem graça. Todos, um dia, serão vítima. Todos se afastarão por medo. São pessoas burras, pois não brilham com seus próprios talentos (não os têm), mas sim apoiados nas fraquezas de outrem – o máximo que sua falta de inteligência os permite. Elas acreditam estar conquistando a admiração da sua platéia, mas estão angariando nada mais do que o menosprezo e o asco de todos.



Pessoas assim podem ser felizes? Será isso tudo uma fachada que encobre uma alma perturbada, carente de luz e atenção? Não sei. Só sei que repudio esse tipo de gente e, ao mesmo tempo, tenho pena deles.

quinta-feira, 1 de maio de 2003

Estou, neste exato momento, escutando o CD Feijoada Completa, de Chico Buarque. A música é Pedaço de Mim, cantada em parceria com Zizi Possi. É uma das composições mais fantásticas do Chico. Não consigo escutá-la sem me emocionar. É inexplicável! O modo como esse gênio da MPB descreve - através de metáforas perfeitas - a saudade é simplesmente brilhante! Leia abaixo a letra da referida canção e emocione-se também:



"Oh! Pedaço de mim

Oh! Metade afastada de mim

Leva o teu olhar

Que a saudade é o pior tormento

É pior do que o esquecimento

É pior do que se entrevar



Oh! Pedaço de mim

Oh! Metade exilada de mim

Leva os teus sinais

Que a saudade dói como um barco

Que aos poucos descreve um arco

E evita atracar no cais



Oh! Pedaço de mim

Oh! Metade arrancada de mim

Leva o vulto teu

Que a saudade é o revés de um parto

A saudade é arrumar o quarto

Do filho que já morreu.



Oh! Pedaço de mim

Oh! Metade amputada de mim

Leva o que há de ti

Que a saudade dói latejada

É assim como uma fisgada

Num membro que já perdi



Oh! Pedaço de mim

Oh! Metade adorada de mim

Lava os olhos meus

Que a saudade é o pior castigo

E eu não quero levar comigo

A mortalha do amor, adeus."






Como, senão através de metáforas, poderíamos descrever tão perfeitamente esse sentimento tão complexo que é a saudade? E quem melhor do que Chico Buarque, com sua sensibilidade e inteligência, para fazê-lo com tanta propriedade e beleza?



É isso!

Hoje é o Dia do Trabalho. Paradoxalmente não se trabalha hoje. É feriado internacional. O Dia do Trabalho foi criado em 1889 por um Congresso Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral que aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época. Foi um dia histórico marcado por protestos de operários, que reivindicavam condições mais justas e humanas de trabalho. Hoje é apenas mais um feriado lá na folhinha.



"Que bom, hoje não preciso ir trabalhar!", pensamos todos. Mas, para muitos, os dias, os meses, os anos, são eternos 1º de maio, só que sem os prazeres de um dia de folga. O 1º de maio homenageia algo que está definitivamente em extinção: o trabalho. E é um dia cruel para o desempregado, que tem de esperar o dia seguinte para voltar a procurar trabalho.



Minto! Na verdade trabalho há: dá realmente muito "trabalho" procurar trabalho nos dias de hoje. Talvez seja por isso que o capitalista diz que o seu capital gera trabalho. Ele demite, dando assim muito "trabalho" para muita gente.



1º de maio, uma data para lembrarmos do que não temos, do que nos tiram, do que nos falta, do que nos negam. Uma data para remetermo-nos a 1886, em Chicago, e revitalizarmos o seu sentido original.

Um dia conheci uma pessoa especial num lugar nem tão especial assim. Daí escrevi esses versos.
Uma Flor



Encontrei uma linda flor

num lugar inesperado.

Lugar nem certo, nem errado,

mas, insisto, inesperado!

Que surpresa para mim

encontrar tão bela espécie

em tão obscuro jardim

(nunca imaginei que houvesse).

Ah! Que vontade de roubá-la

e levá-la para mim...

Seu perfume, seu odor,

sua graça, sua cor;

seu jeitinho de botão

se abrindo em linda flor.

Tudo isso seria meu!

Cuidaria de aguá-la

(ninguém mais, somente eu)

e não deixaria ninguém arrancá-la

do meu jardim-coração,

que seria mais belo desde então.